Painel com rosto de Marielle sofre vandalismo
Frases que exaltavam luta de vereadora morta em março foram apagadas de muro em Pinheiros
Um painel com o rosto de Marielle Franco, produzido por voluntários e militantes de direitos humanos em Pinheiros (zona oeste de SP), em homenagem à vereadora carioca após seu assassinato em 14 de março, foi tingido por tinta preta e vermelha. Ao lado da arte —uma foto ampliada do rosto da parlamentar em preto e branco—, frases que a exaltavam foram apagadas com tinta branca.
O ato foi interpretado como vandalismo por grafiteiros, militantes de direitos humanos, pelo deputado estadual do Rio Marcelo Freixo (PSOL), colega de Marielle e seu padrinho na política, e pela mulher de Marielle, a arquiteta Monica Benício.
Por trás da ação, eles veem um ataque ao que a parlamentar representa —uma mulher negra, feminista, lésbica e cria do Complexo da Maré (conjunto de favelas da zona norte carioca)— e, consequentemente, à sua luta. Praticamente metade do painel foi atingido por tinta preta. Na altura da testa, foi lançada tinta vermelha. Cartazes com a mensagem “vai ter luta” foram arrancados, e um grafite com a inscrição “mulher preta, lésbica, papo reto, Marielle presente! Pra se inspirar, se mexer, pra não esquecer” foi apagado.
“Esse vandalismo é só uma expressão de que uma sociedade que exterminou povos indígenas, teve três séculos de escravidão e duas ditaduras, não pode se livrar tão cedo da violência cotidiana”, disse Monica.