Gleisi Hoffmann enfrenta levante no PT
Sob ataque de colegas que querem acelerar as discussões sobre a substituição da candidatura do ex-presidente Lula, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann tenta conter um levante, no comando nacional do PT.
O vigor com que ela defende a manutenção do nome de Lula na corrida presidencial rendeu um embate com governadores petistas.
Os líderes locais querem que o PT negocie apoio ao candidato de outro partido ou aponte o nome que será lançado no lugar do ex-presidente, preso. Gleisi desautoriza essas cobranças.
“O PT perderá, se substituir Lula ou apoiar outro candidato. Teríamos dispersão da base e crise, pois não há um nome capaz de unificar o partido”, diz a senadora.
Gleisi completará um ano à frente do PT em 3 de junho, fase mais dramática de sua história e da sigla —ela prepara sua defesa na Lava Jato e refaz cálculos eleitorais.
A senadora se alimenta da força de Lula: faz visitas à sede da Polícia Federal em Curitiba, às quintas, e deixa claro que decisões são tomadas junto ao ex-presidente.
“Nem tudo é discutido com ele, mas a tática eleitoral e a estratégia política são. Com a direção partidária também. Não é da minha cabeça. Não sou tão iluminada”, ironiza.
Lula confiou a Gleisi a função de porta-voz de sua candidatura, mas a rebelião dos governadores gera tensão.
Dirigentes regionais reclamam que a costura de coligações estaduais está prejudicada, pois aliados não conhecem o candidato petista.
A senadora insiste que o ex-presidente é prioridade e que qualquer discussão sobre apoio do PT a outro partido se dará apenas no segundo turno. “Uma aliança no primeiro turno tem de ter Lula na cabeça da chapa.”
Gleisi tem outro argumento: “Com a Ficha Limpa, a candidatura será questionada. Até setembro, a questão será resolvida e definiremos se disputaremos com Lula ou se o substituiremos”.