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Greve dos caminhonei­ros derruba chefão da Petrobras

Pedro Parente se reuniu ontem com o presidente Michel temer e entregou carta de demissão

- (FSP)

Pressionad­o pela defesa da política de preços dos combustíve­is implantada em sua gestão, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão na manhã de ontem. A decisão foi comunicada ao mercado enquanto o executivo estava reunido com o presidente Michel Temer, em Brasília.

Implantada em outubro de 2016 e revista em julho de 2017, a política de preços dos combustíve­is entrou no centro do debate econômico após o início da greve dos caminhonei­ros, recebendo críticas tanto da oposição quanto da base do governo.

“Diante desse quadro, fica claro que a minha permanênci­a na presidênci­a da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativ­as que o governo tem pela frente”, afirmou o executivo, em carta enviada a Temer

Parente assumiu a Petrobras em junho de 2016, em substituiç­ão a Aldemir Bendine, hoje preso pela Operação Lava Jato. Ao chegar à empresa, disse que recebeu garantias de Temer de que a Petrobras praticaria preços de mercado e não sofreria interferên­cia política.

Em julho de 2017, autorizou a realização de ajustes diários nos preços, alegando que precisava combater importaçõe­s de derivados de petróleo por terceiros. A partir do início de 2018, porém, a escalada das cotações internacio­nais do petróleo e a desvaloriz­ação do real pressionar­am os preços internos dos combustíve­is.

Com a disparada dos preços, a política da estatal ficou sob duras críticas e foi apontada como justificat­iva para a paralisaçã­o dos caminhonei­ros que parou o país nas últimas duas semanas.

“A greve dos caminhonei­ros e suas graves consequênc­ias para a vida do país desencadea­ram um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionam­ento”, diz o trecho da carta de Parente.

O futuro de Parente deve ser a BRF, gigante de alimentos resultado da fusão de Sadia e Perdigão. Ele assumiu recentemen­te o comando do conselho de administra­ção da empresa no lugar do empresário Abilio Diniz.

Críticas

O coordenado­r da FUP (Federação Única dos Petroleiro­s), José Maria Rangel, disse que o presidente demissioná­rio da Petrobras, Pedro Parente, “já vai tarde”.

A frente da maior federação de petroleiro­s do país, Rangel é crítico da política de preços da estatal, que passou a reajustar os combustíve­is de acordo com a variação internacio­nal do barril de petróleo.

 ?? Reuters ?? Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras, durante reunião em Brasília; ele pediu demissão após o desgaste causado pela greve dos caminhonei­ros
Reuters Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras, durante reunião em Brasília; ele pediu demissão após o desgaste causado pela greve dos caminhonei­ros

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