Ditadura ignorou alertas de corrupção
Documentos confidenciais históricos do governo do Reino Unido revelam que a ditadura brasileira atuou para abafar uma investigação de corrupção na compra de fragatas (navios de escolta) construídas pelos britânicos nos anos 1970.
Segundo os registros, em 1978 o Reino Unido estava disposto a investigar uma denúncia de superfaturamento na compra de equipamentos para a construção dos navios vendidos ao Brasil e se ofereceu para pagar uma indenização de pelo menos 500 mil libras ao Brasil (o equivalente a quase 3 milhões de libras —R$ 15 milhões— nos dias de hoje).
O regime militar, porém, abriu mão de receber o valor e rejeitou os pedidos britânicos para ajudar na investigação —o que foi recebido com estranheza em Londres.
“Há um mistério até hoje não resolvido, e só agora revelado”, diz o pesquisador brasileiro João Roberto Martins Filho, professor da professor da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos, responsável pela descoberta dos documentos.
O primeiro desses navios, a fragata Niterói, foi lançada ao mar em 8 de fevereiro de 1974 e incorporada em 20 de novembro de 1976. Ela foi seguida pelas fragatas Defensora, Constituição e Liberal. No Brasil, seriam construídas as fragatas Independência e a União. Elas continuam com a Marinha.