‘O tabu precisa nos servir de combustível’, diz Sidão
Titular absoluto do São Paulo, goleiro reforça a união do time e pede pés no chão com boa fase
O São Paulo não perde há 11 jogos (cinco vitórias e seis empates) e é o vice-líder do Campeonato Brasileiro. Hoje, contra o Palmeiras, o clube quer evitar que a empolgação entre em campo para que o tabu seja quebrado.
Em seis duelos na arena do alviverde, o Tricolor não conseguiu sequer um empate (18 gols levados e somente três marcados).
“É difícil deixar esse assunto de lado porque sempre estão comentando. Precisa servir de combustível para nós, para quebrá-lo logo. Incomoda porque um clube como o São Paulo não pode ter números negativos como esse”, afirmou o goleiro Sidão em entrevista ao Agora.
Homem de confiança do técnico Diego Aguirre, ele só não esteve em campo no primeiro jogo com o uruguaio, porque estava machucado. Desde então, foi titular nos 15 confrontos seguintes.
“É importante para o atleta saber que tem a confiança da comissão técnica e dos companheiros. Mas isso é conquistado no dia a dia, com trabalho, com muito esforço. Tem de manter a cabeça no lugar e continuar trabalhando com humildade para ter a confiança de todos.”
Sobre o Choque-rei desta noite, o camisa 12 comentou que o Palmeiras é “um pouco favorito” por jogar em casa, apesar de não viver uma boa fase. “Estamos preocupados com o que temos feito e não com o que os adversários estão passando”,disse o jogador de 35 anos. Agora Desde que você chegou, em janeiro de 2017, esse é o clássico em que o clube está mais pronto? Sidão Acredito que sim, pelo momento que a gente está vivendo, pelo grupo. Muitos não participaram desses números no Allianz, vai ser a primeira vez. Isso nos dá boa energia para esse jogo. Agora A eliminação na Copa do Brasil possibilitou a melhora do time, com semanas cheias de trabalho? Sidão A gente gostaria de continuar na competição e brigar pelo título, mas, por outro lado, deu tempo para o professor Aguirre trabalhar e isso nos ajudou bastante. Deu um entrosamento maior para o pessoal da frente, ajustamos algumas coisas na defesa. É o famoso ditado de “há males que vêm para o bem”. A partir do momento em que o setor defensivo deu confiança para o resto do time poder sair mais para jogar, os resultados têm vindo. Temos de continuar com a defesa sólida, firme, para que eles se sintam mais à vontade para jogar na frente, não ficar tão preocupado em só ajudar a marcar. Agora Então é “vamos marcar aqui que o trio de ferro resolve na frente”? Sidão (Risos) Isso é uma das coisas que a gente fala. Conversamos com o pessoal da zaga, do meio, que a gente precisa carregar o piano para os caras [Nenê, Everton e Diego Souza]. A gente faz o trabalho sujo de correr, de marcar, de dar carrinho, para que eles tenham perna para resolver na frente, como têm feito. Temos um alvo até essa parada para a Copa [G4], faltam só quatro rodadas. É gastar as energias para ficarmos bem no campeonato. Aí teremos descanso, tempo para treinar.
Agora O São Paulo precisa ter concentração total para não ser surpreendido no final como, por exemplo, contra o Corinthians? Sidão Pode ser. Hoje o time está mais confiante e talvez isso faça com que você sofra menos. Naquela oportunidade, estávamos com a vantagem, poderíamos ter feito um pouquinho mais, ter buscado o gol para liquidar a classificação. Mas era um momento de instabilidade de quase todo o time, tinha acabado de haver mudanças na comissão. Hoje o time é mais confiante, mais seguro e conseguimos enfrentar qualquer adversário de igual para igual, dentro ou fora de casa. Uma das nossas identidades tem sido a intensidade, e o professor Aguirre colocou isso como um pilar: intensidade e marcação. É se entregar amanhã [hoje] de corpo e alma.
Agora Mas vocês também conversam que o excesso de confiança pode atrapalhar? Sidão Isso é uma das coisas que eu tenho mais dito aqui dentro, para a gente manter os pés no chão. Há um mês ninguém acreditava no São Paulo. Hoje já falam bem para caramba. As coisas mudam rápido. A gente tem de ter noção do que está acontecendo realmente, sempre de dentro para fora. Tenho dito muito isso para todos, para manter os pés no chão, trabalhar com humildade, quietinho, para as coisas acontecerem naturalmente.
Agora A união que vocês demonstram fora de campo tem feito a diferença? Sidão É algo a mais, não é o fator principal. Ter uma boa coletividade ajuda demais nos resultados. Temos um grupo ótimo, com pessoas de caráter.
Agora Você tem costume de olhar seus números ou ver o que dizem sobre você? Sidão Isso me atrapalhou muito no começo, quando cheguei aqui. Ficar vendo, ficar ouvindo o que as pessoas estavam dizendo lá fora. Mudei radicalmente, parei de ver notícias e, quando estamos em competição, eu dou uma segurada na rede social. Isso tem me ajudado, porque consigo refletir melhor o que tenho feito de certo e de errado.
Agora Antes do jogo contra o Botafogo, na chegada ao Morumbi, vocês cantaram a música da torcida: “Sou, sou Tricolor”. Foi combinado? Sidão Foi a primeira vez, mas foi espontâneo mesmo. A gente se envolveu, a chegada no Morumbi sempre mexe. Começamos a cantar baixinho, no fundo, e o pessoal foi entrando no clima. Tira um pouco da tensão e deixa a gente mais leve.