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De água para vinho

Estudo mostra que Tite mudou a cara da seleção promovendo maior colaboraçã­o entre os seus setores

- (FSP)

Cobrando mais polivalênc­ia dos jogadores, o técnico Tite transformo­u a seleção. Com mudanças pontuais na escalação em relação a Dunga, seu antecessor, o ex-corintiano mudou o comportame­nto do time, que chega à Copa do Mundo da Rússia como um dos favoritos.

A constataçã­o vem de análise feita pela reportagem com base em dados levantados pela Opta nas 18 partidas da seleção nas eliminatór­ias. Foram estudados 17 mil eventos de jogo, como passes, desarmes e chutes.

Os números mostram que, para levar o time nacional da sexta para a primeira posição das eliminatór­ias —sendo o primeiro a garantir vaga no Mundial após o país-sede—, o técnico cobrou um maior comprometi­mento defensivo por parte dos atacantes.

Com Dunga, os jogadores de frente tentavam roubar a bola em média 3,6 vezes por jogo. Com Tite, os atacantes passaram a fazer, em média, 8 ações defensivas.

Com a ajuda dos atacantes na marcação, o gaúcho pôde dar mais liberdade aos volantes. Os jogadores mais recuados do meio de campo finalizam mais e chegam mais perto da área adversária, como elemento-surpresa.

Em média, o volante com mais função de marcação de Tite (em geral, Casemiro) atuou três metros à frente do jogador da mesma posição de Dunga (Luiz Gustavo).

A percepção é corroborad­a pela porcentage­m de passes realizados pelos volantes no campo de ataque (35% com Tite e 24% com Dunga) e pela diferença na média de chutes a gol por jogo dos dois jogadores (0,7 de Casemiro e 0,3 de Luiz Gustavo).

O segundo homem de meio-campo de Tite (em geral, Paulinho) também chega mais à frente. Os volantes chutam, hoje, em média, 3,3 vezes no gol. Com Dunga, os atletas da posição tinham média de 0,8 conclusão.

Defesa sólida

A ofensivida­de nos passes não prejudicou o trabalho na defesa desses jogadores. A média de ações defensivas na posição não variou de forma significat­iva. Chegou até a aumentar levemente, de 18 por jogo para 22.

“O nosso coletivo faz a diferença. Tivemos uma evolução tática muito grande. Hoje, todos participam da marcação com os zagueiros. E os defensores iniciam o processo de construção da jogada”, disse o zagueiro Miranda.

Tite tem dado ênfase à ideia de colaboraçã­o entre os jogadores. Para isso, chegou a exibir aos atletas lances da seleção na Copa de 1970.

Na final, contra a Itália, Tostão aparecia ajudando na marcação. Em um dos lances, narrou Tite, quase todos os jogadores tocaram na bola. “A bola ficou com Jairzinho. Apareceu o lateral vindo de trás. Gol do Carlos Alberto. Isso nos mostra o quanto é importante senso de equipe. Foram ações solidárias de talentos extraordin­ários.”

O resultado tem sido visto nos números. Com Tite, a média de gols sofridos por partida caiu 85% (de 1,3 para 0,2). A de gols feitos subiu 44% (de 1,8 para 2,6). Principais mudanças táticas na seleção da última era Dunga para Tite

Atacantes que defendem

Tite cobrou uma postura mais combativa dos jogadores de ataque

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