Cantareira começa junho pior que o período antes da crise
Sistema tem menos água que em 2013. Especialista aponta estrutura melhor, mas pede cautela
O Sistema Cantareira se prepara para entrar no período mais seco do ano em situação ainda mais preocupante do que se encontrava no período pré-crise de 2014. Tudo isso depois de um início de ano seco e um mês de maio onde a chuva passou longe das represas. A recomendação é para que a população evite desperdício.
Restavam 453 bilhões de litros no último dia 31. Como comparação, no mesmo dia em 2017, o sistema tinha 664 bilhões de litros.
Em maio, a chuva acumulada foi de apenas 13,7 mm, praticamente um sexto do que costuma chover neste mês, segundo a média histórica. No ano anterior ao do início da crise, o Cantareira tinha 581 bilhões de litros para enfrentar o inverno e parte da primavera até a chegada das chuvas.
O Cantareira chegou ao fim de 2013 com praticamente a metade do que tinha no início do ano — 268 bilhões de litros. Um ano depois, com agravamento da seca, restavam só 70 bilhões de litros.
Hoje, o Cantareira tem recebido apenas 13,7 metros cúbicos por segundo (afluência), enquanto a Sabesp distribui 24,4 metros cúbicos por segundo para a população. Na prática, ao invés de encher, é como se perdesse quase 11 metros cúbicos por segundo, água suficiente para abastecer praticamente toda a zona leste da capital.
Consumo
Embora hoje haja capacidade de distribuir melhor a água, segundo a Sabesp e especialistas, a companhia tem aumentado gradualmente o volume de retirada do Cantareira.
A Sabesp faturou 299,7 milhões de metros cúbicos no primeiro trimestre deste ano, ante 292,8 no mesmo período de 2017 (aumento de 2,4%), mesmo diante de um cenário de insegurança. No atacado (água para empresas), proporcionalmente, o aumento no volume faturado foi ainda maior (de 61,8 para 64,7 milhões de metros cúbicos, 4,7%). A água faturada a mais no trimestre daria para abastecer a Grande SP por dois dias.