IPTU devido por clubes é igual a rombo de máfia dos fiscais
Prefeitura elenca débitos de R$ 620 mi de 29 locais. Fraude do ISS deu prejuízo de R$ 620 milhões
Vinte e nove clubes esportivos da cidade de São Paulo acumulam dívidas de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) próximas do rombo deixado pela máfia do ISS (Imposto sobre Serviços) nos cofres públicos, segundo cadastro da prefeitura.
O sistema municipal considera haver um débito que ultrapassa R$ 620 milhões, valor suficiente para construir três hospitais ou cem creches. O prejuízo estimado do maior esquema de corrupção descoberto na capital, praticado por fiscais que cobravam propina de empreiteiras em troca de descontos no ISS, é da ordem de R$ 690 milhões (valores corrigidos).
Parte das dívidas listadas pela prefeitura se arrasta há anos (há casos desde a década de 1990), e a maioria dos clubes contesta a cobrança sob a justificativa de que a isenção do IPTU para esses espaços é amparada por lei. Pelas regras municipais, os clubes têm de pedir anualmente a isenção de IPTU. Segundo a prefeitura, elas podem ser indeferidas ou mesmo revistas posteriormente.
Entre os clubes que a prefeitura elenca como devedores estão espaços frequentados pela elite e os três principais do futebol paulistano: Palmeiras (R$ 50,3 milhões), Corinthians (R$ 28,7 milhões, referente à sede no Tatuapé) e São Paulo (R$ 24,1 milhões) (veja quadro).
O levantamento incluiu os 50 clubes esportivos com maior área da cidade —21 deles não têm nenhuma dívida de IPTU. Os altos valores se devem à localização dos espaços, em áreas nobres. O Jockey Club, na Cidade Jardim (zona sul), é responsável por 40% da dívida. No cadastro, atinge R$ 247,8 milhões, valor questionado pela diretoria. O clube fica em um terreno de 587 mil m2, um pouco menor que o parque Villa-lobos.