Delator acusa médicos de sabotarem cirurgias
O principal executivo da empresa alemã Maquet no Brasil, Norman Gunther, afirmou em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal que médicos das redes pública e privada do Rio de Janeiro sabotavam cirurgias caso não recebessem comissões pelo uso dos equipamentos da empresa.
A prática, segundo ele, tinha como objetivo retirar o produto do mercado. Ele afirmou ter ouvido relatos sobre operações mal feitas com o objetivo de prejudicar um determinado fabricante.
“Se não fosse paga a comissão, os médicos não permitiriam a compra dos produtos e, possivelmente, poderiam sabotar a cirurgia. Ou seja, utilizar o produto de forma incorreta para prejudicar o fabricante e retirá-lo do mercado, podendo até matar o paciente”, afirmou Gunther aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.
Ele não deu exemplos concretos da má utilização dos produtos. Afirmou apenas “que já ouviu relatos sobre essa prática”.
Gunther foi um dos delatores cujas revelações culminaram na Operação Ressonância, que investiga a participação de multinacionais num esquema de cartel em licitações da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia).
Além das fraudes às licitações, o executivo da Maquet relatou as comissões pagas a médicos pelo uso de determinados produtos. Uma lista de cerca de 150 profissionais foi entregue ao MPF.
Nos últimos dez anos, o executivo estima que a empresa gastou R$ 30 milhões com essa prática.