Agora

Família espera liberação de corpos 9 dias após incêndio

Exames de DNA para identifica­r mãe e filhos mortos na Brasilândi­a podem levar até um mês

- (FSP)

Nove dias depois da morte de um casal com dois filhos —um de 4 anos e outro de 10 meses— em um incêndio dentro de casa na zona norte de São Paulo, um novo drama: familiares não conseguem enterrá-los, e segundo o IML (Instituto Médico Legal), podem ter que esperar até um mês para a liberação dos restos mortais.

“São três dores: a da perda, a da espera, e, quando retirar [os corpos], vai ter outra, a da despedida”, afirma Rodrigo, irmão de uma das vítimas, Célia, 31 anos, que dormia com seu marido, Anderson, 35, e os filhos Lucas, 4, e Erick, de 10 meses, no momento do fogo, à 1h30.

A polícia ainda apura as causas do incêndio, mas a suspeita é que tenha sido provocado por um curto-circuito em ligação irregular na comunidade da Tribo. Seis barracos foram destruídos.

O périplo para a liberação dos corpos envolve diversos parentes. Rodrigo foi ao IML para prover amostra de DNA e recebeu uma previsão inicial de ao menos 15 dias para a identifica­ção. Depois, a mãe, Teresa, foi com outra filha. “O rapaz falou ‘não existe isso de 15 dias, isso aqui é de um a seis meses’. É um absurdo. Como você pode deixar uma família inteira aí na geladeira durante seis meses?”, questiona.

A líder comunitári­a da favela da Tribo, Irani da Silva Guedes, 44 anos, demonstra indignação. “Já não tirou aquilo que precisava para fazer [análise do] DNA? Enterra, se precisar desenterra. Pelo menos descansa a família.”

O corpo de Anderson era o que estava em melhor estado e é o único que já foi liberado, mas não foi retirado. O de Célia e das duas crianças ainda está sob análise no IML. À família, só interessa poder se despedir com dignidade. “Já morreram, então libera para a gente fazer o enterro, não é? A gente não tá pedindo muita coisa”, diz dona Teresa.

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Danilo Verpa/folhapress Rodrigo da Costa Santana, Geralda Soares da Costa (centro) e Maria Teresa da Costa seguram o cartaz com a imagem dos familiares mortos no incêndio; IML diz que liberação dos corpos depende de análise do DNA

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