Sucesso por acaso
País tem 839 atletas profissionais apenas, e não avança da fase de grupos da Liga dos Campeões desde 1995
Com a seleção a um passo da taça, futebol croata sofre com desequilíbrio e distância da elite
A Croácia tem motivos de sobra para se orgulhar de sua seleção, que pela primeira vez atinge a final da Copa. Contudo, não há muito o que comemorar do futebol praticado no país europeu. A menos que você seja torcedor do Dínamo Zagreb.
Desequilibrada, a liga local viu o clube da capital conquistar 12 dos 13 últimos campeonatos. Desde 2006, só em 2016/17 que o Dínamo não se sagrou campeão —ficou com o vice, atrás do Rijeka (o único clube local que cedeu atleta para a seleção, o reserva Bradaric).
A primeira divisão da Croácia tem dez clubes que se enfrentam quatro vezes entre eles. É jogada desde 1992, quando a federação local foi reconhecida pela Fifa. Torcedores de outras equipes creditam essa superioridade da equipe de Zagreb às relações políticas que o clube estabeleceu com o poder nos últimos anos.
No último mês de junho, Zdravko Mamic, ex-dirigente do Dínamo, foi declarado culpado após a Justiça confirmar seu envolvimento em evasão de impostos nas transferências de atletas. Entre elas, a venda de Luka Modric para o Tottenham (ING), em 2008.
Em meio aos casos de corrupção e ao sucesso da seleção está o pobre desempenho croata em competições internacionais de clubes.
Esvaziadas de suas grandes estrelas, que jogam em centros mais fortes da Europa, e inseridas em um universo restrito de 829 jogadores profissionais registrados, as equipes do país mal conseguem atingir a fase de grupos da Liga dos Campeões.
O coeficiente europeu da Croácia também não ajuda. Com o 16º lugar no ranking de países, mesmo o campeão nacional não tem vaga garantida nos grupos e precisa disputar fases preliminares.
No ranking da UEFA, o primeiro clube croata é o Dínamo Zagreb, 77º colocado.
A última vez que uma equipe da Croácia disputou o mata-mata da Liga dos Campeões foi em 1995, com o Hadjuk Split, que caiu para o Ajax (HOL) nas quartas.
“Quando vemos as condições e a estrutura em casa, somos um milagre. Em três meses vamos jogar contra a Inglaterra e não temos um estádio em condições de receber um jogo como este. É o momento de fazer alguma coisa”, disse o técnico Zlatko Dalic, que levou a Croácia à sua melhor participação na história das Copas.