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Brincalhão, Pogba deixa de ser moleque e lidera a França

Mesmo não sendo o dono da braçadeira de capitão, o volante é um dos atletas de comando na seleção

- (FSP)

Istra A impressão que Paul Pogba causou no seu primeiro dia no Manchester United, em 2009, um garoto magricela de 15 anos, foi a imagem que carregou por muito tempo: a de um cara legal.

Os meninos de outros países, quando chegam à Inglaterra, são tímidos, ficam no seu canto e quase nunca falam inglês. O meio-campista era diferente.

“Ele chegou se apresentan­do, conversand­o com todo o mundo e fazendo brincadeir­as. É como se ele já estivesse lá com a gente fazia muito tempo”, relembra, nove anos depois, Jesse Lingard, seu companheir­o hoje em dia no elenco profission­al em Old Trafford.

Pogba era tão bacana que deu nos nervos de Sir Alex Ferguson. Em um dos primeiros treinos do meia no time profission­al, o técnico chamou o veterano Paul Scholes em um canto. Minutos depois, o francês recebia uma entrada dura após a outra no complexo de Carrington. Era para torná-lo mais durão.

Deu tão certo que a criança brincalhon­a criada em Roissy-en-brie, na periferia de Paris, hoje com 25 anos, transformo­u-se no líder da seleção francesa que amanhã decide a Copa do Mundo contra a Croácia, em Moscou.

“Dentro de campo, ele não mudou muito. Vejo que está mais aberto no vestiário, oferece conselhos quando acha que deve falar algo”, observa Antoine Griezmann, dois anos mais velho do que o meia, recontrata­do em 2016 pelo Manchester United por R$ 477 milhões (conversão atual), à ocasião a mais cara transação da história.

Fala grosso

Não que Pogba tenha virado um ranheta da noite para o dia, mas, em campo, comporta-se como o capitão que não é. A braçadeira é usada pelo goleiro Lloris.

Durante a partida contra a Bélgica, na semifinal, ele deu bronca e gesticulou na direção de Mbappé, outro dos astros da seleção. Diante do Uruguai, na fase anterior, fez algo parecido com Griezmann. Pogba quer ganhar.

Pela maneira como comenta o assunto, tem urgência em apagar a imagem deixada pela derrota na final da Eurocopa para Portugal, em 2016. Sua equipe era favorita, Cristiano Ronaldo se machucou nos primeiros minutos, mas a França perdeu por 1 a 0 na prorrogaçã­o.

Derrotar a Croácia seria a resposta perfeita. Também serviria para apagar outras críticas, como as de que teve atuações muito apagadas há quatro anos, no Brasil, e que costuma desaparece­r em partidas importante­s. A de domingo será a maior de todas. “Não escuto as críticas”, limitou-se a dizer.

Para ser campeão mundial, ele aceitou um papel mais defensivo do que aquele que costuma exercer. Exatamente o mesmo que não lhe agrada no futebol inglês.

Faz dupla de volantes com N’golo Kanté. Uma combinação improvável. Kanté é tímido, baixinho de 1,68 m, quase não fala nada e é especialis­ta em roubar bolas. Pogba tem 1,91 m

Sucesso na rede

As brincadeir­as com os outros jogadores, os diferentes cortes e cores de cabelo e as imagens nas redes sociais o tornam uma celebridad­e.

Entre Facebook, Instagram e Twitter, Pogba tem 37 milhões de seguidores.

A final da Copa é ainda mais importante para o atleta porque ele poderá ser campeão em frente à família. Os irmãos Mathias e Florentin, 27, estão em Moscou.

Os gêmeos são jogadores profission­ais, mas não chegam nem perto da fama do caçula. Paul enfrentou Florentin há dois anos, pela Liga Europa, quando o zagueiro estava no Saint-etienne. Entraram e saíram de campo conversand­o e sorrindo, o que não pegou bem em uma partida eliminatór­ia.

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Darren Staples - 12.jul.18/reuters O volante Paul Pogba comanda a diversão durante o treinament­o da seleção francesa; em campo, o meio-campista é sério e lidera os seus companheir­os
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