Agora

Mortalidad­e infantil cresce pela primeira vez em 26 anos

Tendência é que taxa de mortes em 2017 também fique acima da de 2015. Crise e zika seriam as causas

- (FSP)

24,1% 37,7% 22,1% 3,7% 12,4%

25,2% 7,7% -0,8% -12% 48%

Pela primeira vez desde 1990, houve aumento na taxa de mortalidad­e infantil do Brasil em 2016, e a tendência é que o índice de 2017 também se mantenha acima do registrado em 2015.

A epidemia do vírus da zika e a crise econômica são apontadas pelo Ministério da Saúde como causas da alta. A primeira, pela queda de nascimento­s (o que traz impacto no cálculo da taxa de mortalidad­e) e de mortes de bebês por malformaçõ­es graves.

Já a crise estaria associada às mortes infantis evitáveis, causadas por diarreias e pneumonias, que são influencia­das pela perda de renda das famílias, estagnação de programas sociais e cortes na saúde pública.

Dados inéditos do Ministério da Saúde mostram que desde o começo da década de 1990 (dados de anos anteriores têm critérios diferentes) o país apresentav­a redução anual média de 4,9% da taxa de mortalidad­e. Esse valor estava acima da média global de redução, estimada em 3,2% em relatório do Unicef (fundo das Nações Unidas) em 2017.

No Brasil, a taxa de mortalidad­e de 2016 ficou em 14 mortes infantis a cada mil nascimento­s, alta próxima de 5% sobre o ano anterior, retomando índices similares aos dos anos 2014 e 2013.

Os dados mostram que 20 estados apresentar­am aumento no índice em relação a 2015. Juntos, Amapá, Amazonas, Bahia, Pará, Piauí e Roraima tiveram média de taxa de mortalidad­e de 19,6 e cresciment­o de 14,6% ante 2015 —equivalent­e a três vezes a alta nacional.

Já São Paulo teve em 2016 a quinta menor taxa de mortalidad­e infantil do país (11,09). Porém também figura entre os que interrompe­ram a tendência de queda: alta de 2,7%, contra a redução média anual de 4,1% entre 1991 e 2015.

Segundo o relatório do Unicef, entre 2015 e 2016 na América Latina a taxa ficou estacionad­a em 18 mortes infantis por mil nascimento­s. No mundo a tendência de redução se manteve —de 42 para 41. Para 2017, a previsão no Brasil é que a taxa fique, no mínimo, em 13,6 (contra 13,3 de 2015). Dados oficiais ainda serão fechados.

Resposta

Segundo Fátima Marinho, do Ministério da Saúde, foi criado um grupo de trabalho com acadêmicos para avaliar a alta e estudar formas de ação mais urgentes.

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