Ruídos nos vagões abafam sistema de música no metrô
As canções do metrô, que há mais de uma semana criou uma lista com 200 músicas, tipo elevador, têm competido com outros ruídos ambientes. Quando tocam, as músicas instrumentais no trem são abafadas por uma trilha sonora urbana bem peculiar, produzida dentro dos próprios vagões.
São rimas de ambulantes que satirizam a segurança para, de quebra, vender suas bugigangas, batalhas de rap improvisadas e interativas, duplas de violão e caixote na mão que fazem o público entoar hits populares.
“Quem consegue ouvir? Está tocando alguma coisa?”, pergunta a faxineira Joziele Mattos, 38 anos, mexendo na carteira, para comprar barras de chocolate a R$ 1.
“Agora que a porta fechou, o segurança não barrou, a promoção voltou”, anuncia o vendedor. Joziele não se deu conta, mas, sim, estava tocando uma música instrumental bem baixinho dentro do vagão, próxima à Patriarca, rumo à estação Corinthians-itaquera, anteontem.
Das 18 estações da linha 3-vermelha percorridas pela reportagem, em apenas cinco delas era possível ouvir alguma canção. O Metrô disse que investigará o que aconteceu. Segundo a companhia, nas 55 estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3vermelha a música ambiente deveria estar rolando. Dos 142 trens dessa malha, o processo de implantação nos vagões é gradual. Orçado em R$ 39 mil mensais, o projeto prevê mudar as canções de 15 em 15 dias.
“Antes de colocar no ar, a empresa deveria ter ouvido a opinião dos passageiros”, critica a cuidadora Patrícia Rocha, 38. “Esse projeto não tem nada a ver. Nos países desenvolvidos, você vê músicos tocando nas praças e no metrô. Incentivam a cultura. Aqui, parece que as coisas não são feitas a atender interesses da população.”