Saída de dentistas derruba consultas na rede municipal
Em 30 meses, a saúde pública na capital perdeu 108 dentistas, entre as saídas e as chegadas
A quantidade de primeiras consultas odontológicas realizadas na capital caiu 18,5% em 2017 em relação ao ano anterior, segundo último balanço feito pela Secretaria Municipal da Saúde, da gestão Bruno Covas (PSDB). Foram 371.968 consultas aos dentistas realizadas no ano passado, contra 456.381 efetuadas em 2016.
O levantamento foi publicado recentemente pela Ceinfo (Coordenação de Epidemiologia e Informação), órgão da secretaria responsável pela elaboração de dados estatísticos.
Essa queda acompanha o cenário de diminuição de dentistas na rede pública municipal no período. No início de 2016, havia 2.020 odontologistas fazendo atendimento. Ao longo dos meses, a rede foi perdendo profissionais, chegando a 1.942 no final de 2017, uma redução de quase 4%. Até junho deste ano, houve mais perdas, chegando a 1.912.
São 108 dentistas a menos no período. Esse déficit foi formado principalmente pelo encolhimento dos odontologistas concursados. Nesse intervalo, 259 deixaram a rede. Os profissionais contratados por meio das OSSS (Organizações Sociais de Saúde) não supriram essa carência, pois chegaram 128 dentistas.
As primeiras consultas odontológicas ocorrem após triagem feitas nas UBSS (Unidades Básicas de Saúde) que possuem equipes especializadas. A partir daí, são determinados quais usuários necessitam da primeira consulta e da sequência necessária no tratamento.
Houve queda também no número de pessoas que passaram pela triagem. Foram 675.600 no ano passado, contra 697.196 em 2016, uma redução de aproximadamente 4% de usuários.
Um exemplo de encolhimento de atendimento ocorreu em fevereiro, quando foi cancelado o serviço de odontologia na Santa Casa de Santo Amaro, após 39 anos.
“É necessário que o poder público faça investimentos maiores e mais regulares na saúde bucal. Infelizmente, os baixos salários oferecidos, entre outros motivos, acabam afastando os dentistas do SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirmou Paulo César Oliveira Santos, representante da ABO (Associação Brasileira de Odontologia). “Problemas dentários podem evoluir e agravar o quadro de saúde do paciente”, alertou.