Multidão enfrenta mais uma fila do emprego na capital
Trabalhador encara frio e chuva em busca de um novo emprego; metade das vagas era para telemarketing
Mesmo com o frio e a chuva, 5.500 trabalhadores enfrentaram mais uma fila do emprego ontem, no vale do Anhangabaú (região central), no 2º mutirão do Sindicato dos Comerciários. O objetivo: disputar uma das 4.000 vagas oferecidas.
Metade das oportunidades era para operador de telemarketing. O sindicato abriu também participação para outros setores, como o de serviço. Os salários são a partir de R$ 1.200. Ontem, 1.800 pessoas foram atendidas. Os demais voltarão nos próximos dias, conforme as senhas distribuídas.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 12,9 milhões estavam desempregados no segundo trimestre deste ano.
Para tentar deixar a estatística, o músico Glehison Thiales, 24 anos, fez do viaduto do Chá a sua casa. Ele foi o primeiro a chegar à fila, no sábado. Thiales saiu de Chapecó (SC) em busca de um emprego. O jovem, que está há quatro anos sem registro, decidiu largar tudo e tentar a vida na capital paulista.
Ele veio para São Paulo com R$ 250, o valor da passagem. “Aceito qualquer oportunidade. Já trabalhei em atendimento, de servente de pedreiro. Dessa vez, se tiver de escolher, prefiro no comércio, porque serviço de servente é muito pesado.”
A auxiliar de loja Valéria de Oliveira, 34 anos, chegou no domingo, às 19h. Demitida na semana passada, ela usou o primeiro dia do desemprego para procurar uma vaga. “Trabalho 15 anos em mercado, acho que isso me qualifica como boa candidata.”
Oliveira foi ao mutirão acompanhada da amiga, a segurança Priscila da Fonte, 35. Desempregada há seis meses, Fonte também é mãe de três filhos e quer uma recolocação em sua área, mas aceita qualquer vaga.