Agora

Meses depois de o Supremo mandar, Câmara cassa Maluf

Condenado por lavagem de dinheiro no final de 2017, deputado cumpre prisão domiciliar

- (FSP)

Brasília A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados cassou por unanimidad­e o mandato do deputado Paulo Maluf (PP-SP) ontem. A perda do mandato já havia sido determinad­a pelo ministro do STF Edson Fachin em dezembro de 2017, quando também decidiu pela prisão dele.

A Câmara, no entanto, resistia ao cumpriment­o da decisão, por considerá-la um desrespeit­o à separação dos Poderes. Em fevereiro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que só o plenário da Casa poderia cassar um parlamenta­r.

Um processo no Conselho de Ética da Câmara foi instaurado contra Maluf, mas não foi concluído até a decisão de ontem.

“A Mesa se viu diante de um dilema salomônico: de um lado uma ofensa à separação dos poderes e à autonomia do parlamento, num caso que deveria ser levado ao plenário, temos uma decisão do Supremo Tribunal Federal que recomenda e determina a declaração da perda do mandato. Por outro lado o descumprim­ento de uma decisão judicial também é uma ofensa à democracia”, afirmou o corregedor da Câmara, Evandro Gussi (PV-SP), na saída de reunião na casa do presidente da Câmara.

De acordo com a Constituiç­ão, a Mesa Diretora tem a prerrogati­va de determinar a perda de mandato em casos de faltas dos parlamenta­res (mais de um terço das sessões), perda ou suspensão de direitos políticos ou determinaç­ão pela Justiça Eleitoral.

A defesa de Maluf havia sinalizado na semana passada que ele poderia renunciar. O prazo para a tomada de decisão era anteontem. No entanto, a reunião de deliberaçã­o do colegiado foi adiada.

Condenação

Maluf foi condenado a sete anos, nove meses e dez dias de prisão em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro, mas foi autorizado a cumprir prisão domiciliar por motivos de saúde.

Ele estava afastado das atividades parlamenta­res desde fevereiro, por determinaç­ão de Maia. Seu suplente, Junjo Abe (MDB-SP) está no exercício do mandato. Assim, não são contadas faltas a Maluf.

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Renato Costa - 22.dez.17/folhapress O agora cassado deputado Paulo Maluf ao deixar o IML de Brasília e ir para prisão no fim de 2017, após ser condenado pelo Supremo

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