Impeachment ronda Trump com condenação de aliados
Advogados que foram consultados, porém, acham improvável processo criminal com republicano no cargo
Diante das crescentes suspeitas envolvendo assessores diretos seus, o risco de o presidente Donald Trump sofrer um impeachment no Congresso é hoje maior do que o de uma condenação na Suprema Corte por obstrução da Justiça, conspiração com os russos ou crimes financeiros, afirmam advogados ouvidos pela reportagem.
Mas é improvável que ocorram movimentações antes das eleições legislativas, em novembro próximo. Na última segunda, o presidente levou dois golpes na batalha para provar que não tem nada a esconder.
Primeiro, seu ex-advogado Michael Cohen admitiu ter pago pelo silêncio da atriz pornô Stormy Daniels, que alega ter mantido um caso com o presidente antes de ele se eleger, e de uma exmodelo da revista Playboy a mando de Trump.
Quase ao mesmo tempo, seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort, foi condenado por crimes financeiros. A pena prevista é de dez anos de prisão.
O pagamento feito por Cohen às mulheres durante a campanha presidencial de 2016, não declarado, fere as regras sobre financiamento eleitoral e é ilegal, explica Susan Low Bloch, professora de direito da Universidade de Georgetown.
Trump tem se defendido nas redes sociais, afirmando que as violações “não são um crime” e que pagou com dinheiro do próprio bolso.
Mas processar um presidente criminalmente no exercício do mandato não é praxe nos Estados Unidos.
O entendimento de especialistas é que o julgamento deve ser político, feito pelos membros da Câmara dos Representantes e do Senado. A Constituição não é clara sobre a questão, mas não há precedentes na história do país.