Justiça dos EUA condena Marin a 4 anos de prisão
Além de cumprir pena por aceitar propina o ex-presidente da CBF terá de pagar ao menos R$ 18,2 mi
A Justiça americana condenou ontem o ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) José Maria Marin a 48 meses de prisão e a pagar multa de US$ 1,2 milhão (R$ 4,8 milhões) por receber propinas e lavar dinheiro no escândalo de corrupção da Fifa.
Marin, 86 anos, foi condenado depois de um julgamento de três horas pela juíza Pamela Chen, que ordenou ainda o confisco de US$ 3,35 milhões (R$ 13,4 milhões) do cartola.
Dos 48 meses estipulados inicialmente, Marin deverá cumprir apenas 28. A defesa espera que sete sejam retirados da sentença por bom comportamento além de 13 meses em que o cartola já está preso. Depois, ele ficará dois anos em condicional.
Marin aguardará no presídio do Brooklyn, onde está detido, a definição do local em que cumprirá a pena. A defesa pediu que ele seja encaminhado para um presídio de segurança mínima.
Os advogados disseram que vão apelar da decisão.
A multa de US$ 1,2 milhão será dividida em seis parcelas, que começarão a ser pagas seis meses depois de 20 de novembro, quando a juíza fará nova audiência para decidir sobre a restituição de valores à Fifa, Conmebol, Concacaf e ex-funcionários da Traffic Sports USA.
Em sua decisão, a juíza diz ter levado em consideração a idade avançada de Marin. Chen admitiu que uma pena muito extensa seria igual a uma “sentença de morte”.
Mas a juíza lembrou que o ex-presidente da CBF já tinha 79 anos quando começou a conspirar para os crimes dos quais foi acusado. Marin esteve presente na audiência. Ele ouviu as argumentações da juíza com a ajuda de um intérprete. Antes de escutar a sentença, o cartola leu um texto no qual disse que sua vida virou um inferno após a prisão.
Ele pediu para que, na decisão, Chen considerasse sua idade avançada e a ligação que tem com sua esposa, Neusa, que “tem sofrido demais”. Marin apelou para que fosse liberado para que pudesse comemorar os 60 anos de casamento.
“Eu sou um homem sem futuro, mas estou preocupado com a Neusa. Jesus carregou uma cruz, eu carrego duas cruzes. Ela não tem nada a ver com isso”, disse José Maria Marin, chorando, durante o julgamento.
A condenação foi mais branda do que a pena pedida pela promotoria, que era de dez anos de prisão e multa de cerca de US$ 7 milhões (R$ 28,4 milhões).
Sucessor de Ricardo Teixeira na presidência da CBF, Marin foi preso em maio de 2015 na Suíça e extraditado em novembro daquele mesmo ano para os EUA.