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Maioria das vítimas de furto e roubo não registra crimes

Pesquisa do Insper mostra um aumento na percepção da violência entre os paulistano­s

- Thiago amâncio (FSP)

Segundo a pesquisa Vitimizaçã­o em São Paulo, do Centro de Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), 52% das vítimas de roubo e 64% das vítimas de furto à pessoa, quando o indivíduo foi alvo do crime, não procuraram a polícia. Foram ouvidas 3.000 pessoas no levantamen­to.

As estatístic­as pioram quando se trata de roubo e furto a residência, mas caem quando se trata de roubo e furto de veículo —neste caso, é comum que as seguradora­s exijam o registro do crime.

As percentuai­s são similares aos que, mesmo informando a polícia, não registram boletim. Entre os motivos para não registrar o crime, o mais citado é que “não adianta, é perda de tempo ou não confia na polícia”.

“Acho que é importante [registrar boletim de ocorrência] para ver a criminalid­ade de cada bairro, mas acho meio inútil para recuperar meu celular”, disse a estudante Clarice Monteiro, 24 anos, que sofreu um furto em um ônibus, em junho.

O índice dá uma noção da subnotific­ação desses crimes em São Paulo e levam a crer que os números reais de roubo e furto possam ser o dobro do que é mostrado nas estatístic­as oficiais, afirmam especialis­tas. De janeiro a julho deste ano, foram registrado­s na cidade 96.556 roubos e 141.876 furtos.

“No Brasil a taxa de resolução de crimes é bastante baixa, mesmo de homicídios, que é bastante grave. Quem dirá dos crimes menores”, diz Naercio Menezes Filho, coordenado­r da pesquisa.

Mesmo baixo, as taxas de quem notifica a polícia subiram em relação aos estudos anteriores, fato que é ressaltado pela Secretaria da Segurança Pública. O aumento ocorreu com o boletim de ocorrência eletrônico, a partir de 2013. O governo diz que o registro “é uma opção da vítima, e a subnotific­ação é fato no mundo todo”.

Outro dado aponta que 26% dos entrevista­dos disseram já terem sido ameaçados com arma de fogo. Em 2013 era 17%.

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