Vítimas em silêncio
As estatísticas sobre a violência são uma ferramenta indispensável para o trabalho da polícia. Para planejar as ações de segurança pública, afinal de contas, é preciso saber quais são os locais onde acontecem mais crimes.
Só que os números precisam ser confiáveis, e eles nem sempre são. Na própria cidade de São Paulo, a maior do país, eles não contam a história toda.
Uma pesquisa que acabou de ser divulgada, feita a partir de 3.000 entrevistas, mostra bem os problemas. Das vítimas de furtos fora de casa na capital, 64% disseram que não informaram a polícia do delito.
No caso dos roubos (quando o delito envolve ameaça ou violência), o percentual cai para até 52%. Ainda assim, é muito alto.
Esses tipos de crimes se destacam no panorama paulistano: eles estão em alta, enquanto os homicídios vêm caindo.
Entre 2003 e 2013, a quantidade de roubos notificados ficou abaixo de 180 mil por ano. Depois, o número passou dos 190 mil. Até assusta imaginar qual seria se todos fossem relatados à polícia.
As razões alegadas pelos entrevistados para não procurar as autoridades também são preocupantes. Muitos dizem que é perda de tempo, que não adianta.
Nenhum trabalho policial pode ser bem realizado sem o apoio da população. Se as pessoas não confiam nas forças de segurança pública, acabam não colaborando. Uma coisa puxa a outra.
Essa é uma área de responsabilidade do governo estadual, que conseguiu bons resultados no combate aos homicídios. Para enfrentar também o aumento dos furtos e roubos, é necessário saber exatamente o tamanho do problema. Grupo Folha