Noivo simula sequestro para dar um golpe no casamento
Advogado, que se apresentava como embaixador, tem ao menos cinco passagens pela polícia
Faltavam dois dias para a grande cerimônia de casamento de uma médica no santuário Dom Bosco, em Brasília, quando recebeu no celular mensagens e uma foto de seu noivo sequestrado.
A mulher de 44 anos entrou em desespero, porque o embaixador Marcelo Henrique Morato Castilho, 34, como ela o conhecia, aparecia de joelhos, cabeça baixa e possivelmente com as mãos amarradas à frente do corpo.
“A polícia está chegando”, escreveu a médica para tentar assustar o sequestrador. “Vai cata O Q Sobra dele. Só quero o $$”, respondeu o algoz. “Quero uma prova de que ele está vivo”, pediu a mulher para continuar as negociações. “E quanto vc quer de dinheiro?”, perguntou. Ao insistir na investigação no dia seguinte, a noiva de São José do Rio Preto (414 km de SP) descobriu que não era Castilho a vítima de um crime, mas ela mesma.
O tal sequestro era uma farsa do noivo para fugir do casamento. E mais: longe de ser um embaixador, o homem com quem trocara juras de amor era na verdade um antigo conhecido da polícia por vários golpes aplicados.
De acordo com a Polícia Civil de São Paulo, o tal “embaixador da ONU”, como Castilho gosta de se apresentar —o nome é verdadeiro—, tem ao menos cinco outras passagens registradas em sua ficha, desde apropriação indébita a estelionato.
No caso da médica, além de ter adiado o sonho romântico, ela também teve de amargar um prejuízo superior a R$ 30 mil pelas despesas da cerimônia, além de outros gastos com o noivo.
Outra vítima
Segundo a polícia, o prejuízo da médica é menor que de uma psicóloga, de Rio Preto, em 2016, que foi noiva de Castilho e igualmente enganada às vésperas do casamento. A cerimônia havia sido marcada no Palace Hotel, no Rio de Janeiro, mas foi transferida para o Principado de Mônaco, após supostos problemas de saúde dele na primeira data marcada.
O suspeito não foi localizado pela polícia.a polícia admite a possibilidade de haver outras vítimas.