Alckmin pode se juntar à minoria que desperdiçou TV
Desde 1989, em 90% dos casos os três candidatos com mais exposição subiram em pesquisa eleitoral
Geraldo Alckmin (PSDB) já gastou mais da metade da principal vantagem que tem na eleição. Ontem marcou a chegada do nono dia de um total de 15 de exibição do bloco de horário eleitoral das candidaturas à Presidência.
Com 44% do tempo na propaganda na TV e no rádio, ele não subiu nas pesquisas de intenção de voto desde o início do horário eleitoral.
O candidato caminha para ser uma exceção na história das eleições presidenciais. Desde 1989, em 90% dos casos os três candidatos com mais tempo de televisão conseguiram fazer crescer o total de intenções de voto com o horário eleitoral.
O levantamento é do cientista político Antônio Lavareda e analisa as sete eleições presidenciais desde a redemocratização —1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014. Só dois candidatos, ambos do então PMDB, Ulysses Guimarães, em 1989, e Orestes Quércia, em 1994, não conseguiram converter a vantagem no espaço em crescimento na campanha.
“Ainda precisamos esperar a eleição para concluir uma análise do cenário atual, mas não acredito que o horário eleitoral tenha perdido importância”, diz Lavareda. “Seria possível Fernando Haddad [PT] crescer 11 pontos sem a propaganda da TV?. Com certeza não”, completa.
O candidato do PT foi oficializado como cabeça na chapa no dia 11, após o TSE barrar Lula, preso em Curitiba, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Desde então, Haddad subiu de 9% para 13% na pesquisa Datafolha do último dia 14. No levantamento divulgado ontem, o petista foi a 16%.
Haddad é o segundo candidato com mais tempo de TV, com 19,16% do total no bloco do horário eleitoral e 189 inserções de 30 segundos cada até o fim do primeiro turno.
Terceiro com mais espaço na propaganda, Henrique Meirelles (PMDB) também não conseguiu crescer nas intenções de voto desde o início do horário eleitoral.
Alckmin tem 9% das intenções, segundo o Datafolha. Desde que as propagandas começaram, no dia 31 de agosto, variou dentro da margem de erro.
O tucano corre o risco de ser o primeiro presidenciável a ter o maior espaço na propaganda e não chegar ao segundo turno depois da eleição de 1989.