Idoso que toma remédio por conta própria fica vulnerável
Automedicação pode prejudicar a ação de outros remédios que o paciente mais velho estiver tomando
O uso de medicamentos sem orientação médica causa danos a qualquer paciente. E, se ele já estiver na terceira idade, as consequências são ainda piores. Estudos apontam que 25% das internações de pacientes acima dos 80 anos ocorrem por reações adversas a medicamentos.
“A partir dos 60 anos, 30% tomam pelo menos um remédio por dia regularmente e esse número tende a aumentar com o passar dos anos. E as pessoas têm uma reserva funcional menor, estão mais vulneráveis, são mais frágeis, por isso ficam mais suscetíveis a intoxicação”, alerta Paulo Camiz, geriatra do Hospital das Clínicas e professor da USP (Universidade de de São Paulo).
Segundo dados do Ministério da Saúde e do Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas), em 2016 ocorreram 1.879 casos de intoxicação por medicamento na terceira idade, 9,18% dos casos em todas as faixas etárias.
Por isso, o geriatra é enfático. “Consulte sempre seu médico antes de tomar qualquer remédio. Aproveite a consulta e pergunte o que fazer e o que tomar em todas as situações. Não saia com dúvidas”, aconselhou.
Segundo o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), idosos sofrem mais com os efeitos colaterais. “Um paciente que tem problema cardíaco, ao tomar um anti-inflamatório porque teve dor, pode ter uma falência cardíaca, porque sobrecarrega o rim, por causa da retenção de líquidos”, afirmou.
Um dos problemas é a grande oferta de medicamentos nas farmácias, sem a necessidade de apresentação da receita médica. “O ideal é que as farmácias vendessem somente a dose necessária para o que foi receitado e que todos os remédios fossem vendidos só com receita”, disse Olzon.