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Ao completar 50 anos, prédio do Masp passa por check-up

Estudo financiado por fundação usou cópias de desenhos de engenheiro que participou da obra

- Francesca angiolillo (FSP)

Há 50 anos ele está ali, seus quatro pés bem fincados em plena avenida Paulista. Seu grande vão já reuniu multidões em shows e, nos tempos recentes, manifestaç­ões. Flutuando sobre a praça, o mais importante acervo de arte europeia do hemisfério Sul, exposto nessa grande caixa suspensa de concreto e vidro, o Masp (Museu de Arte de São Paulo).

Concreto e vidro —materiais tão incorporad­os ao cotidiano de uma cidade que não nos ocorre que envelheçam. Mas o moderno também envelhece, diz Silvio Oksman. O arquiteto coordenou a equipe que colocou sob escrutínio o edifício projetado por Lina Bo Bardi e que, nesta semana, chega ao seu cinquenten­ário.

O check-up de um ano foi realizado com uma bolsa do Keeping it Modern, programa da Fundação Getty para preservaçã­o de prédios modernos. Os US$ 150 mil —cerca de R$ 550 mil hoje— foram todos para o exame da estrutura do Masp.

Na pesquisa, baseada apenas em documentos, foi possível recuperar cópias de desenhos que se julgavam perdidos desde um incêndio no escritório do engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz. Com base no cálculo do engenheiro e no estado atual da estrutura, foi concebido um modelo eletrônico que permitiu estabelece­r diretrizes de conservaçã­o do Masp —que, diz Oksman, se envelhecer bem, pode ser eterno.

Para isso, a atual administra­ção elaborou um plano de intervençõ­es que envolve a recuperaçã­o do vão livre, a instalação de persianas automatiza­das, a readequaçã­o dos sistemas de iluminação, de ventilação do Masp.

Para o arquiteto João Carmo Simões, “o museu, em suas singularid­ades, é o ponto de respiro da grande Paulista, uma referência que separa a avenida em duas partes, antes e depois do Masp”. “O vão livre do Masp é palco, sala de concerto, feira, circo, pausa de almoço, sala de cinema, espaço de contemplaç­ão, espaço de encontro, conversa, abrigo.”

Na opinião de Oksman, o espaço tem de estar “aberto o tempo todo”. Mas é importante que o uso não traga riscos —é inesquecív­el o show de Daniela Mercury que, em 1992, fez chão e estrutura tremerem.

 ?? Gabriel Cabral/folhapress ?? Vista do Masp, na avenida Paulista (região central da capital); museu foi fundado em 1947, com sede na rua 7 de Abril, e prédio atual foi inaugurado em 1968; análise da estrutura foi financiada por fundação
Gabriel Cabral/folhapress Vista do Masp, na avenida Paulista (região central da capital); museu foi fundado em 1947, com sede na rua 7 de Abril, e prédio atual foi inaugurado em 1968; análise da estrutura foi financiada por fundação

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