Ao completar 50 anos, prédio do Masp passa por check-up
Estudo financiado por fundação usou cópias de desenhos de engenheiro que participou da obra
Há 50 anos ele está ali, seus quatro pés bem fincados em plena avenida Paulista. Seu grande vão já reuniu multidões em shows e, nos tempos recentes, manifestações. Flutuando sobre a praça, o mais importante acervo de arte europeia do hemisfério Sul, exposto nessa grande caixa suspensa de concreto e vidro, o Masp (Museu de Arte de São Paulo).
Concreto e vidro —materiais tão incorporados ao cotidiano de uma cidade que não nos ocorre que envelheçam. Mas o moderno também envelhece, diz Silvio Oksman. O arquiteto coordenou a equipe que colocou sob escrutínio o edifício projetado por Lina Bo Bardi e que, nesta semana, chega ao seu cinquentenário.
O check-up de um ano foi realizado com uma bolsa do Keeping it Modern, programa da Fundação Getty para preservação de prédios modernos. Os US$ 150 mil —cerca de R$ 550 mil hoje— foram todos para o exame da estrutura do Masp.
Na pesquisa, baseada apenas em documentos, foi possível recuperar cópias de desenhos que se julgavam perdidos desde um incêndio no escritório do engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz. Com base no cálculo do engenheiro e no estado atual da estrutura, foi concebido um modelo eletrônico que permitiu estabelecer diretrizes de conservação do Masp —que, diz Oksman, se envelhecer bem, pode ser eterno.
Para isso, a atual administração elaborou um plano de intervenções que envolve a recuperação do vão livre, a instalação de persianas automatizadas, a readequação dos sistemas de iluminação, de ventilação do Masp.
Para o arquiteto João Carmo Simões, “o museu, em suas singularidades, é o ponto de respiro da grande Paulista, uma referência que separa a avenida em duas partes, antes e depois do Masp”. “O vão livre do Masp é palco, sala de concerto, feira, circo, pausa de almoço, sala de cinema, espaço de contemplação, espaço de encontro, conversa, abrigo.”
Na opinião de Oksman, o espaço tem de estar “aberto o tempo todo”. Mas é importante que o uso não traga riscos —é inesquecível o show de Daniela Mercury que, em 1992, fez chão e estrutura tremerem.