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Prova de fogo

- Presidente: Editor Responsáve­l:

Protocolos para a prevenção e a contenção de incêndios não existem à toa. O descumprim­ento dessas normas costuma estar por trás de tragédias como a do Museu Nacional, ocorrida neste ano, e a do Museu da Língua Portuguesa, em 2015.

Devastadas pelo fogo, as duas instituiçõ­es não possuíam o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), que assegura a adequação de um local. Esse documento diz respeito ao atendiment­o de regras sobre número de extintores, rotas de fuga e segurança da rede elétrica, por exemplo.

Também estão nessa situação quase dois terços dos 64 ICS (Institutos de Criminalís­tica) do estado de São Paulo, incluindo os sete da capital.

Nos ICS ficam armazenada­s as provas e as perícias criminais realizadas pela Polícia Técnico-científica do estado. A destruição de evidências como essas num eventual incêndio poderia acarretar injustiças irremediáv­eis, para nem falar de possíveis perdas patrimonia­is e humanas.

Pessoas que de fato tenham cometido crimes, mas que ainda aguardam o julgamento, por exemplo, poderiam ser postas em liberdade com a perda do material, sobretudo em casos de tráfico de drogas e posse ilegal de armas.

De outro lado, alguém que esteja preso injustamen­te e dependa de nova análise pericial para reverter sua condenação seguiria sentenciad­o. O aniquilame­nto de provas ameaçaria também compromete­r uma futura acusação a um suspeito ainda não identifica­do.

A certificaç­ão concedida pelos bombeiros não garante, claro, que um estabeleci­mento estará à salvo de incêndios. Mas negligenci­ar esse cuidado expõe o patrimônio público e os servidores a riscos inaceitáve­is. Grupo Folha

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