Presidente eleito defende Constituição e recebe avisos
Jair Bolsonaro foi ontem a Brasília pela primeira vez após a eleição; procuradora deu ‘recados’ a ele
Em sua primeira visita a Brasília como presidente eleito, ontem, Jair Bolsonaro defendeu a Constituição, mas não foi suficiente para blindá-los de cobranças por seu histórico de declarações politicamente incorretas.
Deputado federal pelo PSL do Rio de Janeiro, Bolsonaro adotou roteiro diferente do que costumava fazer nos quase 28 anos de mandato. Em vez de entrar por um anexo da Câmara dos Deputados, ele foi direto ao Senado, onde chegou sob um forte aparato de segurança.
No Congresso, ele chegou escoltado por Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL, e o general Augusto Heleno, escalado para assumir a Defesa ou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em seu governo. Foi em direção à presidência do Senado, onde o esperava Eunício Oliveira (MDB-CE).
De lá, Bolsonaro saiu acompanhado dos chefes dos Três Poderes: Oliveira, o presidente Michel Temer e Dias Toffoli, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). Acompanhavam o grupo a Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e dois filhos do presidente eleito: o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ).
No plenário da Câmara, onde Bolsonaro participou algo das autoridades de uma cerimônia pelos 30 anos da promulgação da Constituição, a recepção foi tímida.
Em seu discurso, ao final do evento, prometeu respeitar o texto constitucional Acenava ali a Toffoli.
Em rota de colisão com setores do Ministério Público, o presidente eleito foi alvo de Dodge. Bolsonaro não a olhou nem aplaudiu enquanto a procuradora-geral dizia que não basta “reverenciar” a Constituição: “É preciso cumpri-la”, sentenciou. De pé na tribuna, Dodge deu vários recados a Bolsonaro ao defender as minorias, o meio ambiente e a liberdade de imprensa, temas que provocaram atritos na campanha.