Homem torturado na prisão processa senador Magno Malta
O ex-cobrador de ônibus Luiz Alves de Lima, 45 anos, move uma ação contra o senador Magno Malta (PR-ES), um dois principais aliados do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), por associá-lo a um caso pedofilia.
Lima perdeu toda a vista no olho direito, e na do esquerdo lhe restou 25% após, segundo ele, apanhar na prisão em 2009.
Em abril daquele ano, sua mulher, Clarice Conceição, levou a criança ao hospital para tratar de oxiúro, verme que pode provocar coceira na região genital. À noite, Lima foi preso sob acusação de estuprar a filha, com a esposa cúmplice do crime.
Uma médica desconfiou de violência sexual e chamou o Conselho Tutelar. Um médico legista avaliou o “desvirginamento da vítima”, e o caso acabou na polícia.
No terceiro dia de detenção, o senador, que presidia a CPI da Pedofilia, assumiu o papel de “juiz, promotor, delegado”, diz Lima.
Ele passou nove meses no CDPC (Centro de Detenção Provisória de Cariacica-es), que usava contêineres como cela, situação depois classificada como desumana pelo Superior Tribunal de Justiça, e diz ter sido torturado.
Inocentado em todas as instâncias da Justiça, o excobrador, que ficou incapacitado após a cegueira parcial, processa o senador, o estado e o médico responsável pelo laudo que o colocou na posição de suspeito.
“Afirmei na época o que tenho dito: pedófilos devem ser investigados, condenados e presos. Pedofilia é crime hediondo. Quanto às denúncias de espancamento e outras ilegalidades, devem ser apuradas, e seus autores, apontados pelo acusado”, afirmou o senador. Em nota, a Procuradoria-geral do Espírito Santo, diz que a ação continua em tramitação e aguarda a decisão da Justiça para se manifestar.