Turma de escola em São Miguel tem quatro docentes durante ano letivo
No segundo ano B da escola Pedro Aleixo, na zona leste, a professora original, Giselle de Souza Santos, 31 anos, se afastou em agosto para ter bebê. A regulamentação exige que a procura pela substituta comece apenas quando a licença efetivamente comece.
Como solução provisória, foi chamada a professora Patrícia Soares da Silva, 41. Mas como ela já trabalhava em outro colégio público, a carga horária disponível legal permitia que lecionasse apenas três vezes por semana para a turma. Nos outros dias, professoras de artes e de educação física se revezavam.
A nova titular, Viviane Vizzioli, 49, chegou à escola em setembro, após a prefeitura chamar para a rede novos professores. Mas, em novembro Viviane sofreu AVC, menos de dois meses após assumir a classe. Ela chegou a ficar internada, mas morreu poucos dias depois.
Quem assumiu a turma foi Renato de Almeida Jaques, 37. Ex-policial militar, exagente na Fundação Casa e ex-servente em escola pública na Grande SP.
Renato contou que decidiu ser professor quando era servente escolar. Viu uma professora isolando da turma uma aluna mal vestida, com mal cheiro —nitidamente mais pobre que os demais. Um outro professor viu a cena e puxou a estudante para sua classe e integrou-a. “O que o professor fez me acendeu uma luz. ‘É isso que quero ser’. Hoje estou aqui nesta escola mais estruturada, mas depois quero ir para a quebrada. É lá que posso fazer a diferença.”