Com Moro, Polícia Federal deve ir para cima de políticos
Após desmanche, grupo que atua junto ao STF para investigar crimes de ministros deve ser reforçado
Sob o comando do futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, a nova direção da Polícia Federal pretende reestruturar e reforçar o grupo responsável por investigar perante o STF (Supremo Tribunal Federal) crimes cometidos por ministros e políticos em exercício do mandato.
O setor é tido como essencial para o combate à corrupção, bandeira que Moro, indicado ao cargo pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, definiu como prioridade.
A decisão da equipe de Moro é uma reação ao desmonte que o grupo, conhecido pela sigla SINQ (Serviços de Inquéritos Especiais), sofre desde a gestão do delegado Fernando Segovia.
Antes com 13 equipes montadas para as investigações, cada uma com um delegado, escrivães e agentes, esse time hoje conta com apenas cinco equipes fixas.
O futuro diretor-geral da PF, o delegado Maurício Valeixo, tem conhecimento dos problemas e avisou que vai privilegiar o assunto.
Na origem da crise do SINQ, núcleo responsável por investigar autoridades com prerrogativa de foro, está a passagem de Segovia pela direção-geral do órgão, entre novembro de 2017 e fevereiro de 2018.
Um dos eixos de tensão se deu em torno do inquérito sobre Michel Temer no suposto esquema no porto de Santos, que provocou a queda de Segovia.
Até a saída do então chefão da Polícia Federal, existiam 283 procedimentos registrados de forma especial na PF, incluindo inquéritos abertos e ações cautelares. Atualmente, são 153.
A redução do número se deu basicamente por dois motivos: alguns casos foram concluídos e outros desceram para a primeira instância, após decisão do Supremo de restringir o foro especial.
Desde maio passado, o Supremo passou a só processar e julgar episódios em que os crimes tenham sido cometidos em razão do cargo e durante o mandato.