Bolsonaro usa ameaça de volta do PT para ter apoio
Eleito inicia, com MDB e PRB, reuniões com bancadas, mas insiste que não busca apoios de partidos políticos
Em seu primeiro contato direto com as bancadas partidárias do Congresso, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), usou o discurso antipetista como forma de tentar convencer os parlamentares a apoiar o seu governo.
Em encontros realizados ontem no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde está montado o governo de transição, Bolsonaro afirmou que eventual fracasso de sua gestão representará a volta do grupo que comandou o país de 2003 a 2016.
“Conversamos hoje à tarde com o MDB e com o PRB, a conversa foi bastante proveitosa. Temos grande identidade naquilo que vamos propor e grande parte foi dito para eles. O apoio vem por aí, eles sabem que nós não podemos errar. Se nós erramos, vai voltar o governo, aqueles que deixaram uma triste história do nosso Brasil”, disse, em referência indireta ao PT, legenda que derrotou nas eleições.
Segundo relatos de deputados, a mensagem foi no sentido de que o barco é um só e que o êxito de sua gestão será o êxito de todos.
“[Bolsonaro] Pediu pra gente caminhar juntos, porque se der certo para mim, dá certo para todo mundo. Se der errado, todo mundo perde”, afirmou o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MDB-MG), na saída.
Desde que venceu as eleições, Bolsonaro mudou consideravelmente o modelo de formação do governo. Excluiu das negociações as cúpulas dos partidos políticos, priorizando indicações de bancadas temáticas, como a evangélica e a ruralista.
Desde quando teve início a transição, líderes partidários têm reclamado de não terem sido consultados para a formação de seu ministério, diferentemente do que foi feito em outros governos.
O êxito desse modelo nas votações no Congresso é visto com desconfiança pelas próprias frentes. Com isso, Bolsonaro começou a receber os partidos ontem, o que continuará a fazer hoje com PSDB e PR. A rodada de reuniões continuará na quinta e na próxima semana.
Apesar dos encontros, o presidente eleito disse que não busca apoio dos partidos. “Não, não existe um alinhamento automático de nenhum partido, não é isso que nós buscamos. Nós buscamos é um entendimento, o que eu tenho falado para eles: eu posso não saber a fórmula do sucesso, mas do fracasso é essa que foi usada até o momento, distribuir ministérios, bancos, para partidos políticos. Essa fórmula não deu certo”, afirmou Bolsonaro ao ser questionado sobre apoios.