Agora

Contando médicos

- Presidente: Editor Responsáve­l:

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), parece ser aquele tipo de político que, mesmo no governo, nunca vai descer inteiramen­te do palanque.

Há poucos dias, depois de passar os olhos pelos números do edital de emergência do programa Mais Médicos, resolveu tripudiar sobre os rivais petistas porque quase 100% das vagas deixadas pelos cubanos já haviam sido preenchida­s por brasileiro­s.

Só que o desafio de levar profission­ais de saúde a regiões distantes, perigosas ou pouco atrativas não se resolve de uma maneira tão simples.

Verdade que a resposta inicial foi uma boa surpresa. O governo abriu inscrições para 8.517 vagas e, até esta quarta-feira (5), 35,1 mil médicos brasileiro­s haviam se candidatad­o a 8.416 postos. Apenas áreas mais remotas ficaram sem interessad­os.

Porém, como alertou o próprio futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é preciso aguardar para ver quantos de fato se apresentar­ão para trabalhar.

O prazo para entregar a documentaç­ão e assumir o cargo vai até 14 de dezembro. Até aqui, 43% dos inscritos já começaram a trabalhar.

Mesmo que a grande maioria assuma as vagas, resta o velho problema de permanênci­a dos brasileiro­s no Mais Médicos.

Entre 2013 e 2017, pouco mais da metade (54%) dos que iniciaram suas atividades desistiram antes de completar a metade do contrato de três anos.

A fixação de profission­ais de saúde em áreas periférica­s é difícil em todos os países de território muito grande.

Existem soluções, que dependem da combinação de várias medidas. Não há, porém, um remédio instantâne­o que possa ser receitado no palanque. Grupo Folha

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