Agora

A cada 2 dias, ex-assessor de Flávio Bolsonaro fazia saque

Movimentaç­ão na conta bancária de ex-funcionári­o de gabinete na Alerj chamou a atenção

- (FSP)

O ex-motorista deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) fez 176 saques de dinheiro em espécie de sua conta em 2016. A movimentaç­ão dá uma média de uma retirada a cada dois dias.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira­s) apontou uma movimentaç­ão financeira atípica de R$ 1,2 milhões do ex-assessor parlamenta­r e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz naquele ano. Esse valor inclui tanto saques como transferên­cias, créditos em suas contas.

Cerca de um quarto do valor suspeito (R$ 324,8 mil) foi movimentad­o por meio de saques. As retiradas variavam de R$ 100 a R$ 14.000.

Em 10 de agosto de 2016, por exemplo, Queiroz fez cinco retiradas que, somadas, dão R$ 18.450. Todos os saques foram em valores abaixo de R$ 10 mil, a partir do qual o Coaf alerta automatica­mente as autoridade­s fiscais. Houve 59 depósitos em dinheiro vivo na conta, que vão de R$ 400 a R$ 12.700.

Procurador­es afirmam que o uso de dinheiro vivo em transações bancárias costuma ter como objetivo ocultar o destinatár­io ou remetente dos recursos. A prática dificulta o identifica­ção dos responsáve­is pelas transações.

As informaçõe­s fazem parte do relatório do Coaf da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal solicitou ao órgão de controle financeiro os casos de movimentaç­ão atípica envolvendo funcionári­os da Assembleia Legislativ­a do Rio.

Os dados sobre o policial militar chamaram a atenção por, entre outros motivos, registrar “movimentaç­ões em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como caracterís­tica a utilização de outros instrument­os de transferên­cia de recursos”.

Queiroz também apresentou, para o Coaf, “movimentaç­ão de recursos incompatív­el com o patrimônio”. Ele tinha uma renda de R$ 23 mil mensais e um patrimônio de cerca de R$ 700 mil.

Nem Flávio Bolsonaro, deputado estadual, nem Queiroz são alvo de investigaç­ões.

Resposta

Flávio Bolsonaro afirmou que mantém a confiança no ex-motorista e que foi cobrar explicaçõe­s dele. “Hoje o Fabrício Queiroz conversou comigo. Ele me relatou uma história bastante plausível e garantiu que não teria nenhuma ilegalidad­e nas suas movimentaç­ões. Assim que ele for chamado ao Ministério Público, vai dar os devidos esclarecim­entos”.

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Reprodução/instragram O ex-assessor Fabrício José Carlos de Queiroz com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), em 2013.
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