Renato está na praia
Renato Gaúcho adora o personagem que criou para si. Se não emplacou o apelido Renato Carioca, como tentou nos tempos de jogador, conseguiu encarnar o Rio de Janeiro sem apelar ao “meixxmo” pronunciado pela também gaúcha Xuxa.
Em um momento no qual quase tudo vai mal em terras fluminenses —o governador do estado e o presidente da Mangueira estão presos, só para ficar nos dois cargos mais importantes—, o comandante do Grêmio é o retrato do Rio que deu certo. Como muitos cariocas, é malandro, sorridente, competente e trabalhador. Na medida certa.
Por isso, no fim do ano em que se estabeleceu como o principal técnico do país, Renato deu risada diante da obrigatoriedade de frequentar o curso de técnicos da CBF. Se ele é aluno, quem é o professor? Roger Machado?
Com toda a razão, o quase ex-gaúcho vai fazendo o mínimo para cumprir a burocracia e receber o exigido diploma. Ele dá um pulo em Teresópolis, pede para algum Osmar Loss assinar seu nome na lista de presença e volta correndo a Ipanema, onde bate um futevôlei e vigia os olhares na direção de sua bela filha.
“Quem precisa estuda. Quem não precisa vai à praia”, já tinha avisado, em 2016, ainda sem o moral de que dispõe hoje.
De lá para cá, vários botaram óculos modernos, fizeram cara de conteúdo e aprenderam expressões como “terço final” e “box-to-box”. Renato enfileirou títulos e levou uma Libertadores.
Tite, após uma Copa do Mundo ridícula, derramou hipocrisia para censurar o bolsonarista Felipão. Fábio Carille foi à Arábia Saudita mudar o futebol do país e voltou derrubando Jair Ventura.
Renato está na praia. Com os pés cheios de areia, tomando um “superrlatão”, é o melhor técnico do Brasil.