TV força a reorganização das finanças dos clubes
Começa neste ano um novo modelo de transmissão do Brasileiro. A novidade é a entrada do Esporte Interativo como concorrente da Rede Globo na TV fechada.
Também foi alterada a distribuição das receitas de TV. Assim, os clubes precisarão se adaptar financeiramente.
Para TV aberta e fechada, a Globo acordou o pagamento de, respectivamente, R$ 600 milhões e R$ 400 milhões anuais. Desse valor, 40% será dividido igualmente entre os times, 30% de acordo com a classificação final na tabela e 30% proporcionalmente aos jogos transmitidos.
Do dinheiro arrecadado com o pay-per-view (PPV), 38% será revertido aos clubes, de acordo com o tamanho de cada torcida.
No modelo antigo, os contratos com a Globo eram de valor fixo, parcelado igualmente nos 12 meses do ano.
Agora, a quantia por desempenho será paga ao final do torneio, e a referente às transmissões, mensalmente, a partir do seu início.
Assim, até abril, os clubes receberão somente pelo PPV e pela fatia igualitária.
Sob a perspectiva de um orçamento mais apertado no começo da temporada, foi feito um ajuste, a pedido dos clubes, para que 3/4 do valor comum a todos sejam pagos de janeiro a junho.
Mesmo assim, até maio, a verba mensal oriunda dos direitos de TV deve ser menor que no modelo antigo.
Flamengo e Corinthians, por exemplo, levaram R$ 14 milhões por mês em 2018. Com o novo modelo, a quantia seria de R$ 3,9 milhões por mês. Quem deve ver um aumento na renda desde o início, além dos promovidos, são equipes como Chapecoense e Ceará, que tinham contratos baixos com a Globo e passarão a receber, sem o PPV, R$ 3,4 milhões. A diferença em relação a Fla e Timão se dá pelas placas.
Quem aparecer mais na televisão tende a equilibrar as contas mais rapidamente.
A salvação vem em dezembro, nas receitas por desempenho: R$ 11 mi para o 16º e R$ 33 mi para o campeão.
Para o consultor financeiro Cesar Grafietti, a mudança “pressiona o caixa no 1º semestre”. “Como parte [das receitas] é variável e incerta, é difícil ter adiantamentos.”
Os parceiros do Esporte Interativo também terão que se reorganizar: receberão 50% dos R$ 520 milhões, divididos igualmente, até julho e a outra metade —pela audiência e colocação final— no final do campeonato.
“Os clubes que assinaram com a Turner foram penalizados na TV aberta. Desta forma, tendem a ter valores parecidos [com os clubes da Globo]”, diz Grafietti.