Maratona mafiosa Série conquistou muitos prêmios
Marco da TV, série “Família Soprano” comemora 20 anos da estreia e HBO Signature exibe maratona
No primeiro capítulo de “Família Soprano”, o mafioso Tony Soprano, vivido por James Gandolfini (19612013), compra de presente para sua “mamma” um aparelho de som que toca CDS.
E nem para a época em que a série estreou, há 20 anos completados na última quinta-feira, dava para chamar de novidade.
Para comemorar a data, a partir de hoje e até domingo, o HBO Signature (que exibe o conteúdo do canal pago em horário alternativo) apresenta uma maratona com todos os episódios do programa. Será uma temporada por dia, com exceção da sexta, que foi dividida entre os dias 19 e 20. Já no dia 21, será exibido um especial com uma seleção dos dez melhores episódios da série.
Robusto e sempre bem asseado, Tony Soprano expõe o perfil de um americano arcaico. A grana não deu um jeito no vocabulário pouco culto. Apenas alargou as aquisições de carros de luxo e um guarda-roupa cheio de camisetas polo.
Seria o tipo de macho que passa longe da possibilidade de fazer análise. E é aí que a história vira. Tony está deprimido e sai em busca de ajuda profissional.
A mulher de traços patéticos, o sobrinho destemperado, o tio que fracassou e os filhos mimados. É essa a atmosfera de violência e sentimentalismo que vai se tornar referência das séries de TV paga da década seguinte.
Quem crava “Família Soprano” como marco na televisão é a própria imprensa americana e um par de livros, a exemplo de “Homens Difíceis”, de Brett Martin.
Segundo a obra, além de estabelecer um padrão alto de dramaturgia, a série quebra a ideia dos mocinhos bons. O anti-herói representado por Tony abriu caminho para uma geração de personagens similares que, como ele, eram admiráveis pela autenticidade e imorais na mesma medida. (FSP)
A popularização da TV a cabo também é apontada como fator determinante para o sucesso de “Família Soprano” no fim dos anos 1990.
“Acho que foi uma decisão comercial”, diz Brett Martin, autor de “Homens Difíceis”, livro que fala sobre a série. “Enquanto havia apenas três redes de TV, qualquer programa deveria atender a uma audiência que fosse a mais ampla possível”, afirma ele. “Apenas quando a TV paga e agora o streaming provaram que havia apelo comercial em se dirigir a nichos específicos é que as histórias com mais qualidade de dramaturgia começaram a aparecer”, complementa.
“Será que poderíamos exibir um programa em que o protagonista é um criminoso?” Essa questão tem como autora Carolyn Strauss, que então integrava a direção executiva do canal pago. “Hoje essa dúvida até perece uma bobagem, mas na época era importante.”
A aposta fez com que a HBO desse a largada e convertesse seus louros em troféus. “Família Soprano”, em seus 86 episódios divididos por seis temporadas, recebeu 21 prêmios no Emmy e cinco no Globo de Ouro. É um número alto, mas não um recorde— “Game of Thrones” ganhou 38 prêmios no Emmy. (FSP)
Será que poderíamos exibir um programa em que o protagonista é um criminoso? Carolyn Strauss, ex-diretora executiv a da HBO sobre as dúvidas do cana lem produzir série