Agora

Mais mortes, mais armas

- Presidente: Editor Responsáve­l:

Ao assinar o decreto que facilita a posse de armas no país, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mostrou aos seus eleitores que pretende transforma­r em realidade as promessas de campanha.

Não só de campanha, aliás. Durante anos, enquanto atuou como deputado federal, Bolsonaro sempre defendeu os interesses de empresas de armas.

Foi assim, por exemplo, com o Estatuto do Desarmamen­to. Ele foi opositor feroz dessa lei que passou a valer em 2003 e impôs restrições à posse e ao porte de armas de fogo.

Em 2005, a população foi chamada a dar sua opinião por meio de um processo conhecido como referendo: as pessoas queriam que a venda de armas fosse permitida ou proibida?

Quase 2 a cada 3 votantes apoiaram a permissão. Hoje, Bolsonaro diz que está apenas garantindo que seja levada a sério essa votação de 13 anos atrás.

Para o presidente, as pessoas estarão mais seguras se puderem se defender com pistolas, revólveres e espingarda­s.

Ou seja, o Estado não consegue garantir a proteção dos cidadãos de bem, e o presidente, em vez de atacar esse problema, transfere a responsabi­lidade para a população.

Bolsonaro já deu sinais de que não pretende ficar apenas nesse decreto. Quer que o Congresso aprove outras medidas para facilitar ainda mais a posse e talvez até o porte de armas.

O problema é que todos os estudos sérios sobre o assunto mostram que essa é uma solução falsa. Pior, é uma fonte de novos problemas.

Quanto mais armas nas ruas, mais mortes acontecem, seja por acidente, seja porque uma briga termina em tragédia ou seja porque fica mais fácil para o bandido arrumar uma pistola. Grupo Folha

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