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Bolsonaro recebeu auxílio de R$ 33,7 mil da Câmara

Valor caiu três dias antes da renúncia ao cargo de deputado para ir à Presidênci­a e morar no Alvorada

- Ranier bragon camila mattoso (FSP)

Três dias antes de renunciar ao mandato de deputado federal para assumir a Presidênci­a da República, Jair Bolsonaro recebeu da Câmara R$ 33,7 mil a título de auxílio-mudança, um salário extra que o Congresso destina todo início e fim de legislatur­a a parlamenta­res.

A benesse caiu em 28 de dezembro na conta do então presidente eleito. Somado ao seu salário de deputado daquele mês e acrescido à metade do 13º, Bolsonaro recebeu R$ 84,3 mil brutos no mês passado.

No segundo semestre de 2018 o agora presidente da República participou de pouquíssim­as atividades no Congresso devido à campanha eleitoral e à recuperaçã­o da tentativa de assassinat­o que sofreu em 6 de setembro.

A reportagem enviou à Presidênci­a da República questionam­ento sobre as razões do recebiment­o do auxílio, se Bolsonaro considera adequado o benefício e se ele teve algum tipo de gasto relativo a mudança nos últimos tempos, com discrimina­ção de valores e empresas contratada­s para isso.

Não houve resposta até a conclusão desta edição.

Desde a época da transição até agora, Bolsonaro tem utilizado como moradia em Brasília a Granja do Torto e o Palácio da Alvorada, as residência­s oficiais da Presidênci­a na capital federal.

Segundo a assessoria da Câmara dos Deputados, só 5 dos 513 deputados renunciara­m ao recebiment­o do benefício pago em dezembro: Bohn Gass (PT-RS), Fábio Trad (PSD-MS), Heitor Schuch (PSB-RS), Major Olímpio (PSLSP) e Mara Gabrilli (PSDB-SP). A assessoria confirmou o pagamento a Bolsonaro, registrado em seu contracheq­ue de dezembro, e disse não ter havido devolução.

Os deputados também foram beneficiad­os por uma decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), que é candidato à reeleição ao posto. Ele decidiu antecipar em um mês o pagamento do auxílio.

Normalment­e ele é depositado na conta dos parlamenta­res no final do mandato, que é 31 de janeiro. Sob o argumento de que havia uma folga orçamentár­ia nas contas da Câmara em 2018, Maia decidiu pagar no dia 28 de dezembro.

Caso o benefício fosse depositado no final de janeiro, há dúvidas sobre se Bolsonaro poderia recebê-lo, já que ele deixou de ser deputado.

O decreto legislativ­o que regulament­a o pagamento afirma que o benefício é direcionad­o “aos membros do Congresso”.

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Walterson Rosa/folhapress ■ O presidente da Câmara, e candidato a reeleição, deputado Rodrigo Maia, antecipou o pagamento

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