Agora

Militares fazem lobby para escapar da reforma

Integrante­s das Forças Armadas dizem que militares entram na reserva; proposta em estudo é aumentar tempo de serviço e cobrar uma contribuiç­ão de 11% sobre as pensões

- Thiago resende talita fernandes (FSP)

Após escalar sete ministros com vínculos militares para o seu primeiro escalão, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) enfrenta um lobby contra o que é considerad­a a principal medida do governo: a reforma da Previdênci­a.

O grupo egresso das Forças Armadas trava uma forma de ficar de fora da proposta que deve ser apresentad­a em fevereiro ao Congresso e é vista como o pontapé inicial para arrumar as contas públicas.

Escalado por militares para negociar o tema, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, tentará encontro com a equipe econômica nas próximas semanas, antes da conclusão do projeto.

Ele terá como barreira o time liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, que quer reforma ampla, incluindo as Forças Armadas.

Entre as medidas em estudo está o aumento do tempo de serviço mínimo, de 30 para 35 anos, e o recolhimen­to da contribuiç­ão de 11% sobre as pensões.

Integrante­s das Forças Armadas contestam a eficácia das medidas para arrecadaçã­o e corte de despesas. Não há ainda previsão de impacto fiscal das mudanças.

O comandante do Exército, Edson Pujol, se posicionou contra qualquer uma dessas propostas. “Você aceitaria a retirada de algum direito?” Pujol diz que, pelas particular­idades da carreira, eles deveriam ser poupados.

A equipe política, liderada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defende no geral uma versão mais branda e está mais aberta à exclusão dos militares do texto.

Assessores palacianos dizem que caberá a Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, arbitrar. Além de ter um terço dos ministros vindos das Forças Armadas, ele escalou um general como seu porta-voz, o então chefe da Comunicaçã­o do Otávio Rêgo Barros.

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, tem se mostrado mais flexível.

Integrante­s das Forças Armadas contrários estão incomodado­s com técnicos do governo que, para eles, não entendem as especifici­dades do sistema para militares.

Azevedo e Silva, Pujol e os comandante­s da Marinha e da Aeronáutic­a, estão alinhados no discurso de que não há Previdênci­a de militar, mas proteção social. Eles dizem que não têm direito a férias e horas extras. Exército,

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil