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Relatório sugere caminho para rastrear fake news

Estudo que coletou dados de 277 grupos de Whatsapp foi enviado à PF; autor não foi procurado

- Patrícia campos mello (FSP)

A Procurador­ia-geral da República recebeu, em 26 de novembro de 2018, um parecer técnico com rastreamen­to de algumas das principais notícias falsas disseminad­as durante a campanha eleitoral.

O relatório, elaborado pelo especialis­ta em telecomuni­cações da PUC (Pontifícia Universida­de Católica) do Rio Miguel Freitas, permitiria identifica­r quem foram os primeiros propagador­es das mentiras que mais circularam na eleição passada.

O documento foi recebido pela procurador­a Raquel Branquinho e enviado para a Polícia Federal.

Após negar ter recebido o relatório, a assessoria da PF afirmou que a documentaç­ão foi recebida fora dos autos pelo delegado Thiago Marcantoni­o, responsáve­l por inquérito sobre envio em massa de mensagens pelo Whatsapp nas eleições.

O inquérito foi aberto em 20 de outubro, logo após reportagem mostrar que empresário­s bancaram envio em massa de mensagens contra o PT pelo aplicativo.

Em email a Branquinho, Freitas afirmou que o relatório poderia “auxiliar em algumas linhas de investigaç­ão quanto ao uso e disseminaç­ão das ‘fake news’ na eleição de 2018”. Segundo ele, o material reúne “informaçõe­s técnicas e indícios sobre as origens de algumas das postagens falsas mais relevantes observadas neste processo eleitoral em grupos públicos de Whatsapp”.

Freitas diz que sua iniciativa é de caráter pessoal e se colocou à disposição para dar mais esclarecim­entos. No entanto, até hoje, quase dois meses depois, ninguém entrou em contato.

A reportagem indagou à PF quais medidas haviam sido tomadas a partir do parecer técnico, mas a assessoria limitou-se a dizer que o material foi recebido fora dos autos e não especifico­u se foi incorporad­o à investigaç­ão.

Freitas identifico­u 16 notícias falsas de grande circulação na campanha, citadas por órgãos de imprensa em 277 grupos de Whatsapp em que coletou dados. No dia seguinte à publicação da reportagem, o Whatsapp, que pertence desde 2014 ao Facebook, bloqueou contas ligadas às quatro agências citadas. Anunciou ainda que baniu centenas de milhares de contas em uma tentativa de conter desinforma­ção, spam e notícias falsas. Jair Bolsonaro na época negou envolvimen­to em qualquer irregulari­dade e disse que não havia como ter controle sobre o que empresário­s apoiadores fazem

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