General Villas Bôas traz voz moderada ao novo Planalto
Eduardo Villas Bôas deve desembarcar no Palácio do Planalto com o paradoxal objetivo de, sendo um general, ajudar a limitar o eventual apetite que as Forças Armadas possam ter pelo protagonismo que receberam no governo do capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL).
Se a decisão de Villas Bôas de aceitar assessorar o também general da reserva Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) pegou de surpresa alguns em Brasília, para o círculo próximo não constituiu novidade.
O militar de 67 anos está sempre fazendo planos, dizem esses amigos, que creditam a isso o fato de ele ter completado seu período à frente da Força na inusual condição de paciente de doença degenerativa do neurônio motor.
A visão pública de um comandante em cadeira de rodas, sem movimentos nos membros e usando um respirador, não é algo comum em exércitos mundo afora.
VB, como é conhecido, rejeita dramatizar sua doença, diagnosticada sem total precisão pelos sintomas comuns a outras enfermidades, a partir do surgimento de tremores na mão esquerda em 2016. Concedeu entrevistas sobre o tema sempre repetindo o que o presidente Michel Temer (MDB) lhe disse quando colocou o cargo à disposição, no começo de 2017: se a cabeça estava em ordem para fazer o trabalho, seria o suficiente.
Adotou um tom mais emotivo no seu discurso de despedida, lido por um mestre de cerimônia após breve introdução do general, em falou de seus médicos, além de creditar à mulher, Cida, a vontade de seguir em frente.
Pessoas próximas concordam que Villas Bôas será uma força moderadora, ainda que trabalhando à sombra do governo Bolsonaro. Ele deve assumir o posto em fevereiro.