Agora

Presidente do Peixe prevê ano ‘extremamen­te difícil’

Cartola afirma que, sem dinheiro, não há como disputar com os times concorrent­es os reforços de peso

- Alex sabino (FSP)

Um ano após assumir a presidênci­a, José Carlos Peres, 70 anos, conta uma história para ilustrar a dificuldad­e em comandar o Santos.

Em junho de 2018, o clube recebeu R$ 1,5 milhão de um patrocinad­or. O dinheiro chegava na hora ideal para pagar contas urgentes. Horas depois, quando o departamen­to financeiro percebeu, havia apenas R$ 200 mil no banco. O restante tinha sido bloqueado por decisão judicial referente a processo iniciado por Lino, ex-técnico das categorias de base.

“Ele abriu a reclamação trabalhist­a em 2015 e ganhou à revelia. O Santos nem se defendeu. São situações como essa que aparecem”, afirma Peres à reportagem.

Após enumerar os problemas que enfrentou até agora, ele aperta os cintos para 2019. Não tem grande esperança que será menos complicado do que foi 2018.

“O ano de 2019 será difícil. Extremamen­te difícil”, avalia. “O clube estava um caos [em 2018], assumimos com dez contas bancárias zeradas e tudo era para pagar no curto prazo”, diz sobre o primeiro ano à frente do clube.

Com forte oposição no conselho deliberati­vo, suas contas referentes a 2018 podem ser rejeitadas. Há chance disso desaguar em novo processo de impeachmen­t e mais desgaste político.

Mas o cartola afirma ser a falta de dinheiro o motivo de maior preocupaçã­o. O Santos começou 2019 devendo dois meses de direito de imagem para o elenco profission­al. Derliz González se apresentou para a pré-temporada com atraso por causa disso.

A diretoria fez um empréstimo de R$ 82 milhões, a juros José Carlos Peres de 6,5%, da empresa Sport Value para quitar dívidas. O dinheiro será ressarcido (mais os juros) quando o Real Madrid depositar a segunda parcela da compra de Rodrygo, em julho.

Descrença

Se a preocupaçã­o de Peres é em fechar as contas, o medo do torcedor está dentro de campo. O time não conquistou nenhum título no ano passado e ficou sem vaga na Libertador­es. Até agora, a diretoria conseguiu anunciar apenas a contrataçã­o do venezuelan­o Soltedo, 21 anos, meia-atacante.

Jorge Sampaoli está descontent­e com a lentidão na aquisição de reforços. Seu advogado entrou em contato com a diretoria para saber o que está acontecend­o.

“Contratar sem dinheiro é difícil, não é? Qualquer jogador que queremos o preço é muito alto. Sem grana, não tem como fechar acordo”, lamenta o dirigente.

Além disso, há atletas insatisfei­tos no elenco, que é o caso do atacante Bruno Henrique. Peres não faz tanta questão assim, irritado pelas declaraçõe­s do jogador nos bastidores, de que deveria se fazer como Arrascaeta, que brigou para trocar o Cruzeiro pelo Flamengo e conseguiu.

“Sampaoli chegou e pediu cinco reforços. É um número razoável, mas há um certo receio em mudar tantas peças no time assim, pela questão do entrosamen­to”, completou o cartola.

O presidente sabe qual é o medo maior do torcedor. O desejo é disputar títulos, mas o que o santista não quer ver é o time na briga contra o rebaixamen­to no Brasileiro.

Peres promete que isso não vai acontecer. “Dentro de campo, não tenho medo. Quer dizer, até tenho, mas estou confiante com os reforços. Um time para ser rebaixado neste Campeonato Brasileiro de 20 times tem de ser sem-vergonha.”

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Ivan Storti - 31.jul.18/santos FC ■ O presidente do Santos, José Carlos Peres, durante entrevista no CT Rei Pelé; em seu segundo ano de mandato, cartola admite que o Peixe será coadjuvant­e

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