Vale diz não saber porque sirenes não funcionaram
Empresa desconhece quantos funcionários estavam no refeitório em Brumadinho engolido pela lama
Onze dias após o rompimento da barragem na mina do Córrego do Feijão, que matou pelo menos 142 pessoas e deixou 194 desaparecidos em Brumadinho (MG) no último dia 25, a Vale ainda não sabe responder por que as sirenes que deviam alertar para o desastre não foram acionadas e não diz quem eram os responsáveis, na empresa, pela implementação do plano de emergência no caso de desastre.
Além disso, a empresa não sabe ao certo quantos de seus funcionários estavam no refeitório em Brumadinho engolido pela lama.
A Vale tampouco responde sobre atividades econômicas em barragens descomissionadas, como a apuração de minério a partir dos rejeitos para produzir BRBF, um composto de ferro exportado sobretudo para a Ásia.
A empresa diz que a apuração do ocorrido é sua prioridade, ressalta a formação de comissão independente de investigação e afirma que os R$ 100 mil disponibilizados às famílias atingidas não se tratam de indenização, mas de auxílio. A indenização deve ser decidida em acordo extrajudicial, conforme anunciado pelo diretorpresidente da Vale, Fabio Schvartsman, após reunião com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
A reportagem reitera pedidos de entrevista a Schvartsman desde o dia do desastre, mas sua assessoria alega falta de espaço na agenda.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Vale respondeu a parte das dúvidas da reportagem. Algumas das respostas enviadas por email contradizem informações apuradas pela reportagem.
Questionamento
Quando perguntada do motivo de o refeitório de funcionários e da sede serem construídos em um local que o plano de emergência apontava como rota da lama, a Vale diz que todas as suas barragens possuem um plano de ação de emergência. Esse plano é construído com base em estudos técnicos de cenários hipotéticos em caso de um rompimento. O plano prevê qual será a mancha de inundação e a zona de autossalvamento (veja outras respostas no quadro).