Aposentadoria aos 57 exige transição curta
Para ministro, as idades defendidas pelo presidente atingem trabalhador que está na reta final
A reforma da Previdência com a criação de idades mínimas de 57 anos, para mulheres, e de 62 anos, para homens, —como já defendeu o presidente Jair Bolsonaro— não é capaz de reduzir os gastos com benefícios de forma suficiente para equilibrar as contas públicas no futuro e, além disso, prejudica trabalhadores que estão perto de completar os requisitos para receber o benefício por tempo de contribuição, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“O presidente chegou a dizer, vocês se lembram, coloquem 57, para as mulheres, e 62 [para os homens]. O presidente chegou a dizer isso e o próprio deputado Rodrigo Maia [presidente da Câmara], à época, disse que então a transição tem que ser estreita”, disse Guedes.
A “transição estreita” significa que, para ter uma idade mínima baixa, o governo precisaria impor essa exigência já nos primeiros anos após a reforma.
Outro problema apontado pelo ministro é que a ideia defendida por Bolsonaro atrapalharia a intenção da equipe econômica, que é economizar R$ 1 trilhão em 10 ou 15 anos com a reforma. “Não [chega a R$ 1 trilhão]”, afirmou Guedes.
“Favorece muito nosso governo, porque, na hora você empurra para frente todo mundo, sem transição, mas não é generosa o suficiente com quem está na iminência”, comentou.
Nesta segunda-feira, o vazamento de uma das propostas de reforma discutida pelo governo revelou que a equipe econômica avalia criar uma idade mínima de 65 anos para mulheres e homens que começarem a contribuir com o INSS a partir da publicação das novas regras.
De acordo com esse texto, a transição utilizaria a soma da idade ao tempo de contribuição como critério de acesso ao benefício, partindo de 86 pontos, para mulheres, e de 96, para homens. A soma avançaria um ponto por ano, até chegar a 105.
Nessa hipótese, a transição levaria 10 anos, para mulheres, e 20 anos, para homens.
Os tempos de contribuição, de 30 e 35 anos, respectivamente, seguiriam valendo.