Agora

Procurador­ia quer ampliar alcance de acordos penais

Para MP, proposta no pacote anticrime é mais restritiva do que mecanismos previstos pela legislação

- Ricardo balthazar (FSP)

O Ministério Público Federal quer ampliar o alcance dos novos acordos penais previstos pelo pacote anticrime apresentad­o pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, e tentará remover limites definidos na proposta quando for discutida no Congresso.

O plano permite que acusados de crimes se livrem de processos judiciais ou tenham penas reduzidas se confessare­m os delitos e abrirem mão do direito de se defender contra as acusações. A proposta estabelece regras para acordos durante a investigaç­ão e após a abertura de processo judicial, até o início da fase de instrução, quando são produzidas provas e ouvidas testemunha­s.

Uma resolução baixada pelo Conselho Nacional do MP em 2017 já permite que acordos desse gênero sejam negociados antes da apresentaç­ão de denúncia à Justiça, para crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. A resolução autoriza negociaçõe­s em crimes com pena mínima de quatro anos de prisão. A proposta de Moro restringe seu alcance a casos de crimes com pena máxima de quatro anos.

Segundo a subprocura­dora-geral da República Luiza Frischeise­n, coordenado­ra da área criminal na Procurador­ia-geral da República, cerca de 400 acordos foram celebrados nos últimos anos com base nessa resolução, a maioria crimes como contraband­o e estelionat­o.

Se os termos do pacote de Moro prevalecer­em, acordos desse gênero seriam permitidos somente para delitos de menor gravidade, como furto, apropriaçã­o indébita e falsificaç­ão de documentos.

Nos acordos baseados na resolução de 2017, o MP se compromete a não processar o investigad­o que, além de confessar, reparar danos causados, abrir mão do produto do crime, pagar multa ou prestar serviços comunitári­os por algum tempo. O projeto também prevê a negociação de acordos no início do processo judicial, após a aceitação da denúncia.

Para Frischeise­n, seria melhor ampliar o alcance dos acordos previstos para a fase anterior ao processo judicial, nos termos que já são praticados com base na resolução de 2017. “Não tem sentido aumentar a burocracia da negociação”, afirma.

 ?? Marcelo Camargo - 4.fev.19/agência Brasil ?? ■ O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, após reunião com governador­es e secretário­s de segurança para apresentar o projeto anticrime
Marcelo Camargo - 4.fev.19/agência Brasil ■ O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, após reunião com governador­es e secretário­s de segurança para apresentar o projeto anticrime

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil