Projeto testa aluguel social para morador de rua em SP
Prédio na Sé receberá 34 famílias que não tinham casa. Eles pagarão parte do aluguel e as contas
No último dia 31 de janeiro, quando Marcos Rezende completou 42 anos, ganhou o presente mais marcante dos últimos dez anos, desde que foi morar na rua: confirmaram que ele fora selecionado para morar em um apartamento alugado pela Prefeitura de São Paulo.
Pegou as chaves no último sábado. “Conheci o lixo e agora tô indo para o luxo”, resume ele, que foi para a rua por vergonha da família por ser viciado em drogas.
Hoje, livre da dependência, casado e empregado, deixará o abrigo onde mora e vai para um apartamento mobiliado, em que pode estruturar sua vida —está terminando o ensino básico e quer estudar psicologia.
Iniciativas como essa, de oferecer moradia à população de rua em alternativa aos albergues, têm crescido no país. Porto Alegre (RS) lançou um programa parecido há um ano. Curitiba (PR) já iniciou um projeto piloto, enquanto Foz do Iguaçu (PR) e Brasília estão com projetos em fase de elaboração.
Em São Paulo, um prédio na Sé (centro) vai receber 71 pessoas de 34 famílias que até a última semana não tinham um CEP.
Eles vão pagar um aluguel para a prefeitura de 10% a 15% de sua renda, condomínio de até R$ 40 e as contas de casa. Móveis e eletrodomésticos foram doados.
A seleção de um número tão reduzido em um universo de mais de 20 mil pessoas que vivem nas ruas obedeceu a critérios de vulnerabilidade social e, principalmente, autonomia.
Obrigatoriamente, os beneficiados têm que ter renda fixa (de R$ 755 a até dois salários mínimos), já que a ideia é que arquem com uma parte dos gastos. Há um contrato de aluguel por quatro anos. Se deixarem de pagar por três meses podem ser despejados. Para evitar que a situação chegue a esse ponto, haverá um acompanhamento de assistência social.
O prédio foi desapropriado pela prefeitura em 2011, por R$ 1,8 milhão, e passou por uma reforma de R$ 4,1 milhões (paga pela prefeitura e pelo governo federal).
A prefeitura promete lançar mais dez prédios com 470 apartamentos até o ano que vem.