Novo crédito só compensa com inflação abaixo de 4%
Com taxas fixas menores, modelo de financiamento preocupa pela insegurança
A nova linha de crédito imobiliário anunciada na terça-feira (20) pela Caixa não promete grandes vantagens ao comprador, dizem especialistas.
Lançada com o objetivo de reduzir os juros para da casa própria, essa nova modalidade (que é opcional) passa a calcular o financiamento do imóvel pelo IPCA (índice oficial de inflação) com taxas fixas menores em comparação com o modelo atual, que prevê juros de até 9,75% ao ano, além da Taxa Referencial (TR), que está zerada.
Se num cenário como o que temos hoje, em termos de inflação, o novo modelo pode ser considerado vantajoso, a imprevisibilidade das taxas futuras é o que preocupa especialistas.
“Vivemos uma economia instável. Ter uma correção atrelada à inflação, que vai e vem, é perigoso para o trabalhador, que, dependendo da oscilação, pode vir a não ter como pagar as prestações”, diz Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário.
Segundo a Caixa, o saldo devedor será corrigido pelo índice e dividido pelo número de parcelas. Hoje, o saldo devedor é reajustado anualmente pela TR, zerada.
“Hoje, as taxas fixas de juros estão mais altas em relação ao novo modelo, mas a pessoa sabe quanto vai ser a parcela do mês que vem. Não tem como saber quanto vai ser a inflação daqui a 15, 20 anos, que é o tempo de um financiamento”, explica Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV.
De acordo com a Caixa, as taxas, que variam de 2,95% (para servidores públicos) a 4,95% (demais categorias) ao ano, acrescidas do IPCA, valem para novos contratos e já estarão vigentes a partir de segunda-feira (26).
As mudanças valem para o SFH (Sistema Financeiro de Habitação), para imóveis até R$ 1,5 milhão e que permite o uso do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), e para o SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), para imóveis acima desse valor e sem a possibilidade de uso do Fundo.