Queimadas na Amazônia opõem Bolsonaro e Emmanuel Macron
Presidente da França classificou incêndios como crise internacional a ser debatida em cúpula
O governo de Jair Bolsonaro (PSL) acusou a pressão crescente a que vem sendo submetido com o avanço das queimadas pelo país e, sem ações na área para mostrar, redobrou o discurso contra os críticos de sua gestão ambiental e escolheu como antagonista o presidente francês, Emmanuel Macron.
“A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século 21”, escreveu Bolsonaro em uma rede social.
“Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais.”
Nesta quinta, Macron foi às redes sociais classificar as queimadas na Amazônia como “crise internacional” e exortar seus colegas do G7 (EUA, Alemanha, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália) a debaterem o tema como emergência na cúpula do grupo, no fim de semana.
O secretário-geral da ONU, o português António Guterres se disse preocupado e afirmou que a Amazônia “precisa ser protegida”.
Bolsonaro afirmou que o tom usado por Macron é “sensacionalista” e “não contribui em nada para a solução do problema”. Ele apontou o fato de o francês ter compartilhado uma foto antiga de queimada na Amazônia, feita por um fotógrafo americano que publicava na revista National Geographic e morreu em 2003, na publicação.
Em uma transmissão ao vivo pela internet, Bolsonaro criticou Macron sem citar seu nome, dizendo que os governos estrangeiros têm interesse em “ficar com um pedaço da Amazônia” e reclamado do uso do pronome possessivo “nossa” Amazônia por estrangeiros.
A posição foi reforçada por outros integrantes do governo. Em São Paulo para participar de um evento, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que as crescentes críticas de governos europeus à política ambiental brasileira visam “estabelecer barreiras ao crescimento e ao comércio de bens e serviços do Brasil.”
“Por que eles têm tanto interesse em criar dificuldades ao Brasil? O Brasil é o grande competidor em commodities, em bens minerais e é o último grande depósito da humanidade em biodiversidade”, disse Onyx, em alusão às chamadas “barreiras verdes”.
Protestos diante de embaixadas brasileiras em várias capitais foram convocadas, ecoando atos planejados para acontecer no Brasil. Celebridades globais, como Madonna e o ator Leonardo Dicaprio, usaram suas redes para pedir ação pela Amazônia.
Bolsonaro admitiu que as queimadas podem ser causadas por fazendeiros, mas repetiu sua acusação contra organizações não governamentais que atuam na região. “Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGS”, disse. (Folha)