Bolsonaro pede investigação após acusação de ‘dia do fogo’
Pecuarista disse ter visto carros do Instituto Chico Mendes sendo usados para atear fogo
BRASÍLIA O presidente Jair Bolsonaro (PSL) pediu neste domingo (25) que o ministro Sergio Moro (Justiça) determinasse a investigação do “dia do fogo” pela Polícia Federal.
Ficou conhecido por esse nome o dia 10 de agosto, quando houve uma explosão de focos de incêndio no sudoeste do Pará. Fazendeiros do entorno da BR163 anunciaram nesta data queimadas na região.
O caso já estava sendo apurado pelo Ministério Público Estadual do Pará em Novo Progresso. Há dez dias, o órgão afirmou ter acionado a Polícia Civil e já ter ouvido três pessoas. Somente neste domingo o governo Bolsonaro anunciou apuração sobre o tema.
“Sim, fui contatado hoje mesmo pelo presidente Jair Bolsonaro sobre o fato e solicitando apuração rigorosa. A Polícia Federal vai, com sua expertise, apurar o fato. Incêndios criminosos na Amazônia serão severamente punidos”, escreveu Moro no Twitter.
A manifestação do governo Bolsonaro sobre o “dia do fogo” coincide com a publicação de uma reportagem do Globo Rural. O texto traz uma declaração de uma pecuarista identificada como Nair Brizola, do município de Cachoeira da Serra. Sem mostrar fotografias ou outras evidências materiais, ela diz ter visto carros do ICMBIO sendo usados para atear fogo no local.
O Icmbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) é um órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
“Esse povo, se eles veem você, eles já vêm armado, já manda você parar, já toma seu celular. Você não pode fazer nada. As caminhonetes que eles andam fazendo esse terror todo, está escrito Icmbio. O presidente Bolsonaro tá certo quando diz que essas ONGS estão botando fogo,” diz trecho da reportagem. A publicação foi replicada também pelo ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).
Além da declaração da pecuarista, a reportagem diz que “sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros, combinaram através de um grupo de Whatsapp incendiar as margens da BR-163, rodovia que liga essa região do Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao Estado de Mato Grosso.” Segundo o texto, a intenção deles era “mostrar ao presidente Jair Bolsonaro que apoiam suas ideias de ‘afrouxar’ a fiscalização do Ibama e quem sabe conseguir o perdão das multas pelas infrações cometidas ao Meio Ambiente.”
Questionado sobre a apuração, Salles disse que a intenção do governo é apurar o episódio como um todo, não interessando quem possa ser o autor dos incêndios. Segundo o ministro, o papel do ministério é auxiliar a PF nas investigações. Ele disse que a apuração considerará todas as hipóteses e que podem ser investigados tanto os produtores rurais quanto agentes do Ibama e do ICMBIO. (Folha)