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5 décadas no ar

Jornal Nacional completa 50 anos no dia 1º de setembro, data que será marcada pelo lançamento de um livro com relatos de apresentad­ores

- NELSON DE SÁ

Paulista de Ribeirão Preto, William Bonner se lembra do clima de curiosidad­e em casa, em 1969, quando os pais falaram que estava chegando “o novo jornal na TV”.

Na infância e na adolescênc­ia, ele se tornaria “telespecta­dor fiel”, como seus pais e irmãs. “O JN era um momento que reunia os cinco diante do televisor”, descreve em mensagem à reportagem sobre o cinquenten­ário do telejornal, a ser completado em 1º de setembro.

Formado na Escola de Comunicaçã­o e Artes da Universida­de de São Paulo, onde começou como locutor da USP FM, Bonner estreou na Globo em 1986 e se tornou apresentad­or titular do telejornal há 23 anos. No mês que vem, fará duas décadas no cargo de editorchef­e do noticiário.

“A soma desses fatos explica o efeito que o som da vinheta do JN tem sobre mim”, diz ele. “O orgulho que guardo da minha participaç­ão nessa história, da minha profissão.”

Os 50 anos estão sendo celebrados pela Globo de várias maneiras, inclusive escalando apresentad­ores de afiliadas, do Amapá ao Rio Grande do Sul, para comandar a bancada aos sábados, a partir do dia 31.

Também com uma série especial de segunda a sexta sobre o cinquenten­ário, tendo por base as reportagen­s do próprio telejornal e mostrando “o que melhorou e piorou no país ou ficou na mesma”.

Mas a principal comemoraçã­o será o lançamento de um livro de 458 páginas, “Jornal Nacional: 50 Anos de Telejornal­ismo” (Globo Livros), com 118 profission­ais e ex-profission­ais recordando em depoimento como é feito o telejornal.

Bonner é um deles, assim como outros apresentad­ores históricos, inclusive Cid Moreira e Sérgio Chapelin, Fátima Bernardes e Renata Vasconcell­os, hoje também titular.

O livro abre com textos de João Roberto Marinho, presidente do conselho editorial do grupo, Carlos Henrique Schroder, diretor-geral da Globo, e Ali Kamel, diretorger­al de jornalismo.

O primeiro lembra que o Jornal Nacional “realizou na prática um sonho que meu pai, Roberto Marinho, nutriu desde a década de 1950: unir o Brasil por meio da TV em rede”.

Mas também busca olhar para a frente, afirmando que em jornalismo “a concorrênc­ia de meios de comunicaçã­o é cada vez maior” e vai além da TV aberta e paga, para “a internet com centenas de sites produzindo informação”.

Ao longo de 47 páginas, Kamel afirma que hoje “o Brasil, como muitos países mundo afora, vive uma polarizaçã­o extremada”. Um ambiente em que “a imprensa vira alvo e é acusada de produzir fake news”, em que os fatos, “se contrariam ou incomodam uma parcela, qualquer parcela, são logo rotulados como fake”.

Contra isso, defende o jornalismo profission­al. “Para as empresas que se impõem como missão praticar o jornalismo profission­al, a atividade é entendida como uma forma de apreensão da realidade com regras que, se seguidas corretamen­te, levam ao relato e à análise dos fatos com um bom grau de fidelidade.”

Em seu texto, Maju Coutinho lembra a época em que a expressão “garota do tempo” não existia e “previsão era coisa de homem”. Agora, “sempre que possível, a previsão do tempo do JN traz dados sobre o aqueciment­o do planeta, desmatamen­to e fontes alternativ­as de energia”, escreve ela.

A nova publicação não se detém sobre controvérs­ias históricas como a cobertura da manifestaç­ão pelas eleições diretas, em janeiro de 1984, já abordadas no livro “Jornal Nacional - A Notícia Faz História” (Jorge Zahar, 2004), que celebrou os 35 anos do programa. (Folha)

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Divulgação William Bonner e Renata Vasconcell­os à frente

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